| Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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Meses após o fatídico 8 de janeiro, apesar das manobras governistas para impedir que os fatos sejam esclarecidos, já temos um grande quadro com informações dos trágicos eventos. Ainda assim, muitas dúvidas permanecem, que não foram esclarecidas durante a CMPI do 8 de janeiro. A primeira coisa a ressaltar é a atuação da ABIN. Seus 33 alertas que, a partir de 6 de janeiro, revelavam riscos de violência podem evidenciar um caso de prevaricação das autoridades. Seu impacto foi tão grande que G. Dias teria pedido para alterarem os relatórios, algo grave que precisa ser esclarecido.

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O ministro da Justiça também foi alertado, demonstrando ciência desse risco ao fazer pedido ao governador do DF. Tanto que colocou a Força Nacional como uma espécie de "guarda-costas" pessoal. Por que ele passou o domingo no ministério? Um ministro do Supremo contou ter sido informado pari passu do que acontecia. Mas se informavam um ministro no exterior, não avisou o presidente que estava no Brasil?

O presidente, por outro lado, apareceu publicamente às 14h39, quase simultaneamente à invasão da Esplanada às 14h43. Também é estranha a eficácia do ministro da Justiça que, não tendo histórico em Segurança Pública, produziu a toque de caixa um difícil decreto de intervenção sobre o Distrito Federal.

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As imagens divulgadas da invasão chocam, mas são reveladoras e precisariam de uma análise mais completa. Há indício de que já havia pessoas dentro dos prédios, como no famoso caso do relógio depredado: o vândalo agiu 12 minutos antes de a multidão chegar, conforme registros. Entre os presos, a imprensa noticiou haver filiados ao PT, PCdoB, Cidadania. Será que seus partidos os expulsaram? Por que eles protestariam contra quem elegeram?

Além disso, foi encontrado DNA de apenas 12% dos detidos. Os demais podem nem terem ido à Esplanada, pois não há evidência. Sabe-se que muitos foram presos posteriormente, num acampamento em Brasília. A segurança de prédios federais não são responsabilidade do governo e da PM do DF, pois possuem efetivo de segurança próprios e, portanto, não haveria como culpá-los exclusivamente, como acabou acontecendo. A eventual omissão do governo federal precisaria ser investigada. Uma pena que não foi isso o que aconteceu durante a CPMI do 8 de janeiro.

Angelo Lorenzo é engenheiro civil e escritor.  

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]