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Amazônia
Um projeto global e consistente de preservação da Amazônia só dará certo se envolver a geração de empregos, estímulo econômico e inovação, num esforço que envolverá governos e o setor privado.| Foto: Pixabay

Pelo terceiro mês consecutivo em 2021, o desmatamento da Amazônia atingiu o maior nível na década. Em maio, 1.125 km² do bioma foram perdidos, uma área de floresta quase do tamanho do município do Rio de Janeiro. De acordo com dados do Imazon, Pará, Amazonas e Mato Grosso, respectivamente, registraram os piores níveis de destruição da floresta.

O quadro é grave e pede uma reversão urgente. Mas quais são as possibilidades imediatas de se cuidar da Amazônia, que desempenha um papel vital na estabilização do clima da Terra, protegendo a biodiversidade e fornecendo serviços ecossistêmicos significativos para 3 milhões de espécies?

De forma pragmática, um projeto global e consistente de preservação da Amazônia só dará certo se envolver a geração de empregos, estímulo econômico e inovação, num esforço que envolverá governos e o setor privado. Um bom exemplo é a experiência dos projetos privados e certificados na Amazônia. Eles fazem a emissão de títulos de crédito de carbono, por meio do manejo sustentável, e têm respondido a parte relevante dos desafios de promover o desenvolvimento socioambiental enquanto garantem os estoques de carbono florestal.

São iniciativas inseridas no mecanismo Redd e Redd+ (Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação florestal somado à conservação do território). Destaco o papel de quatro projetos, entre eles o Fazenda Ituxi, Agrocortex, Amazon Rio Redd+ IFM, e Madre de Dios, que juntos conservam o equivalente a 1,2 milhão de campos de futebol. Além disso, inserem comunidades ribeirinhas, como aquelas das cidades localizadas no Arco do Desmatamento no Amazonas, na desejada e necessária transição para a bioeconomia, em que produtos e serviços têm valor agregado por promover a sustentabilidade.

Os projetos Redd vêm sendo empregados em outras regiões do planeta, que enfrentam dificuldades ambientais parecidas, como na Indonésia, onde os créditos de carbono são fundamentais para a conservação de 200 mil hectares de floresta úmida no Projeto Katingan, criado em 2007 e considerado o principal exemplo de preservação da floresta em pé por evitar emissões de gases.

Contudo, não basta apenas ter a oferta dos créditos; é preciso facilitar o acesso ao carbono para que a demanda aumente e o ativo se valorize ao ponto de convencer os donos de terra na Amazônia a manter a floresta em pé. Mecanismos de blockchain já democratizam a compra dos certificados digitais, em vigor desde o Protocolo de Quioto, por meio de tokens lastreados em carbono. No ano passado, lançamos no Brasil uma plataforma global de compra e venda de crédito de carbono que permite a qualquer pessoa ou empresa neutralizar sua pegada ambiental de forma simples e acessível.

Desde então, estamos assistindo à adesão crescente de empresas de diversos portes a programas de neutralização de emissões. Também criamos uma calculadora que permite a qualquer indivíduo calcular sua pegada de carbono e neutralizá-la comprando uma fração de um crédito de carbono. Mas estamos só no início dessa trajetória. A mobilização para uma sociedade mais equitativa e resiliente exige estratégias, investimento e tecnologia. Desafios estão postos, como o de continuar com as florestas de pé e avançar nas discussões sobre o potencial da precificação do carbono. Nesse cenário urgente, precisamos estabelecer diálogo contínuo e eficaz entre todos os agentes para uma Amazônia sustentável e lucrativa.

Luis Adaime é fundador e CEO da Moss, plataforma global de créditos de carbono.

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