Ouça este conteúdo
O Paraná e suas cidades nasceram e cresceram a partir do trabalho. Foi para encontrar e minerar ouro que os desbravadores começaram a chegar à Baía de Paranaguá, ainda na segunda metade do século XVI. O núcleo urbano criado por esses pioneiros tornou-se, em 1648, a Vila de Nossa Senhora do Rosário de Paranaguá, elevada à condição de capitania em 1660. Paranaguá foi nossa primeira cidade.
Os “faiscadores de ouro”, como eram chamados, foram aos fundos da baía e subiram a Serra do Mar, criando os povoamentos que deram origem Antonina e Curitiba. A então Vila da Nossa Senhora da Luz dos Pinhais viveu um período de pobreza e isolamento com o declínio da mineração e só voltou a prosperar com o tropeirismo, já no século XVIII. Curitiba tornou-se um importante ponto de parada no trajeto Viamão-Sorocaba. As tropas fizeram florescer o comércio da cidade, integrando-a ao Sul e a São Paulo.
O Paraná é hoje a quarta economia do país, atrás apenas de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, estados com populações bem maiores.
Esse espírito foi dominante na formação de todo o estado. Diferente de outros estados brasileiros, o Paraná não abrigava centros burocráticos relevantes. Do mesmo modo, não havia especial interesse militar sobre nosso território. Foi com o trabalho que o estado foi sendo povoado. A seu modo, portanto, cada região paranaense cresceu e se desenvolveu aos poucos, com muito suor.
O crescimento foi lento, mas contínuo. No primeiro censo brasileiro, realizado em 1872, o Paraná tinha a quarta menor população brasileira, com 126.722 habitantes, e era o estado menos populoso da Região Sul. Os vizinhos Santa Catarina e Rio Grande do Sul contavam com populações de 159.802 e 434.183, respectivamente. Agora, o Censo 2022, divulgado recentemente pelo IBGE, mostra um cenário oposto. O Paraná alcançou 11.443.208 pessoas e tornou-se o estado mais populoso da Região Sul e o quinto de maior população no Brasil.
Na comparação de 1872 com 2022, fomos o estado brasileiro que mais cresceu proporcionalmente; mais de quatro vezes a média nacional. Esses números não são por acaso. Eles estão diretamente relacionados às oportunidades aproveitadas pelos paranaenses, sejam os aqui nascidos ou os que adotaram a terra.
Como gestores públicos, temos de trabalhar para que o crescimento nas cidades continue de forma estruturada e organizada, melhorando a vida de todos.
Como resultado do nosso esforço, passamos de uma economia periférica à condição de gigante do agronegócio, com um dos mais relevantes parques industriais do país e um setor de serviços estruturado e moderno. O Paraná é hoje a quarta economia do país, atrás apenas de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, estados com populações bem maiores. Deixamos o Rio Grande do Sul para trás recentemente e temos cada vez mais aumentado nossa porcentagem no PIB nacional.
O crescimento populacional, porém, traz desafios. Na última década, o Paraná cresceu especialmente em suas regiões metropolitanas: Curitiba, Londrina, Maringá e Cascavel. São regiões que naturalmente oferecem maiores oportunidade de emprego e renda, atraindo moradores. Nesse sentido, a atuação do poder público é justamente pensar em soluções integradas no transporte coletivo, na saúde, na educação, no zoneamento urbano, no meio ambiente e na segurança pública. É esse o objetivo Secretaria de Estado das Cidades.
A pedido do governador Ratinho Junior, a secretaria recentemente entregou à Agência de Assuntos Metropolitanos (Amep) os Planos de Desenvolvimento Integrado (PDUIS) de Londrina, Maringá e Cascavel. Os PDUIs são como Planos Diretores, mas mais amplos, pois envolvem todos os municípios de uma região metropolitana e tratam dos serviços em comum entre estas cidades. A Amep iniciou também a elaboração do PDUI da Grande Curitiba. Todos os planos serão debatidos com a sociedade, prefeituras e no final do processo, pelos deputados estaduais na Assembleia Legislativa.
Ao mesmo tempo, construímos em parceria com o BRDE uma linha de financiamento especial para os grandes municípios do estado, com obras voltadas à integração e a sustentabilidade. São obras estruturantes que garantem o desenvolvimento da cidade e do conjunto de municípios próximos. Tudo isso, é claro, sem esquecer dos pequenos municípios. Lançamos em abril o programa Asfalto Novo, Vida Nova com o objetivo de levar a pavimentação urbana e iluminação LED para municípios de até 25 mil habitantes e temos um vasto cardápio de obras de infraestrutura urbana e edificações públicas. Trabalhando em parceiras com as prefeituras, queremos criar as condições necessárias para que as menores cidades gerem emprego e renda.
O Censo mostrou que o Paraná é o estado que mais cresceu no Brasil e continua crescendo, graças à força da nossa iniciativa privada. Essa tem sido nossa história. Como gestores públicos, temos de trabalhar para que o crescimento nas cidades continue de forma estruturada e organizada, melhorando a vida de todos.
Eduardo Pimentel é secretário de Estado das Cidades e vice-prefeito de Curitiba.