Neste domingo, no Evangelho de Marcos 1, 40-45, nos encontramos com mais uma cura realizada por Jesus. Trata-se da cura de um leproso. Mais um encontro transformador que resgata a dignidade da pessoa humana e a reinsere no convívio social. Neste caminho que estamos percorrendo com o evangelista Marcos, podemos nos aproximar mais do rosto humano de nosso Deus, nos gestos de Jesus.
Ele não suporta qualquer tipo de exclusão porque conhece o ser humano por dentro. No gesto de sinceridade do leproso que implora misericórdia está o grito de todos os que são discriminados e rejeitados pela sociedade, esquecidos e desvalidos num mundo egoísta e excludente.
Mas Jesus ouve esse apelo, se enche de misericórdia, diz o evangelista, e estende a mão para o leproso. Somente neste gesto Jesus já quebra toda uma tradição que impedia qualquer aproximação dos leprosos por motivo de impureza. Eles eram vistos como pecadores e eram banidos do convívio social.
O leproso não se contém e anuncia quem lhe curou. Por causa do seu amor, da sua compaixão, do seu gesto de doação, o próprio Jesus se torna excluído, tendo de ficar longe da cidade, no deserto. Mas sua fama se espalhava ainda mais, porque ninguém pode conter um gesto de verdadeira misericórdia. Jesus sofre junto, ama e transfigura todo sofrimento em redenção e salvação e, assim, atraía a todos pelo seu infinito amor.
Dessa forma, queremos iniciar o nosso tempo quaresmal na próxima quarta-feira com o gesto de receber as cinzas. Essa antiga tradição remete ao ato de conversão e de compromisso para viver um tempo de penitência. São 40 dias em preparação à Santa Páscoa em que mergulhamos mais intensamente no mistério da paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo.
A Igreja nos convida ao jejum, abstinência e a gestos concretos de caridade. Também, todo ano, nos é proposto um tema da Campanha da Fraternidade (CF) para iluminar nosso tempo quaresmal com uma reflexão eclesial buscando frutos concretos em vista de uma sociedade melhor. Com a imagem do papa Francisco no gesto do lava-pés, o cartaz da CF de 2015 propõe o tema "Fraternidade: Igreja e sociedade", e o lema: "Eu vim para servir" (Mc 10, 45), e tem como objetivo geral "aprofundar, à luz do Evangelho, o diálogo e a colaboração entre a Igreja e a sociedade, propostos pelo Concílio Ecumênico Vaticano II, como serviço ao povo brasileiro, para a edificação do Reino de Deus".
A Igreja, como mãe e portadora da Boa Nova de Jesus Cristo, quer cada vez mais exercer seu papel de servidora do povo de Deus e estender seu braço como Jesus o fez no Evangelho de hoje.
Neste momento delicado da situação social brasileira, esta CF 2015 vem como uma luz para que todos os cristãos possam ser anunciadores do Reino de Deus, em busca de justiça, solidariedade e de valores morais diante de uma sociedade mergulhada na corrupção. É tempo de conversão, de mudança de vida! Como o leproso, também nós peçamos ao Cristo: "Senhor, se queres, purifica-nos!"
