Curitiba recebeu o prêmio concedido pela Fira Barcelona, que tem seus próprios critérios de análise e julgamento. Para termos uma ideia, as demais cidades selecionadas foram Barranquilla (Colômbia), Cascais (Portugal), Izmir (Turquia), Makati (Filipinas) e Sunderland (Reino Unido).Nós sabemos que que existem diferentes organizações mundiais, todos elas com indicadores distintos e interesses peculiares próprios. E nesse caso, o referido prêmio enfatizou as inovações tecnológicas e de sustentabilidade das cidades.
Indubitavelmente o prêmio é relevante para Curitiba, principalmente sob o viés político o que sugere que os próximos gestores públicos fiquem atentos a manutenção e os avanços tecnológicos e sustentáveis.
No contraponto, não apenas as questões tecnológica e sustentável contemplam uma cidade, ainda precisamos integrar as demais temáticas municipais, por exemplo: saúde, educação, segurança, habitação, social, transporte, esporte, cultural, economia, comércio, indústria, serviços, turismo e tantas outras (não me refiro aqui a secretarias municiais).
Se nós olharmos a cidade como um todo, multifacetada, ainda temos desafios e problemas básicos em Curitiba, especialmente nos bairros “menos nobres”. Como por exemplo: segurança questionável, questões sociais não resolvidas, pessoas em situação de ruaem excesso, descontinuidade de acolhimento de deficientes físicos, mobilidade dificultada, transporte público caro, ciclovias inadequadas, calçadas quebradas e com pouca acessibilidade, ruas sem sinalização, iluminação deficiente, saneamento básico incompleto, infraestruturas de drenagem inacabadas, moradias insuficientes, urbanizações incompletas, entre outras questões muito além das tecnológicas somente.
Retornando ao respectivo prêmio recebido, ainda precisamos dar atenção para dois desafios. O primeiro é quanto aos serviços públicos com inovações tecnológicas, é necessário: ampliar opções oferecidas, facilitar uso (desburocratizar, agilizar), e incluir “todos” os cidadãos na internet, pois nem todos os Curitibanos tem acesso ou sabem usar os recursos tecnológicos e sustentáveis disponíveis.
Segundo, tanto para Curitiba como para as outras cidades brasileiras, estados e país, não temos a cultura de pensar estrategicamente, ou seja, não fazemos o Planejamento Estratégico, que permite olhar a cidade de forma integrada por muito mais de 4 anos, o que é diferente dos Planos de Governos e dos Planos Diretores de Cidades, que até podem ter ações estratégicas, mas não formalizam objetivos e estratégias de longo prazo, independente de seus respectivos governos.
Muito além das questões tecnológicas das “smartcities”, um conceito moderno e internacionalizado é de “cidade digital estratégica (strategicdigital city)” que considera projetos integrados de todas temáticas municipais e contempla: estratégias municipais; informações da cidade; serviços públicos oferecidos aos cidadãos; e aplicações dos recursos da tecnologia da informação. Esse conceito está direcionado a ampliação da qualidade de vida dos cidadãos e também no auxílio a gestão da cidade de maneira inteligente, participativa, oportuna, inclusiva, sustentável e estratégica.
Assim, todos nós, cidadãos e gestores, ainda temos muito que trabalhar, preferencialmente juntos e participativamente, com inteligência pública e privada.
Denis Alcides Rezende é pós-doutor em Strategic Digital City - DePaulUniversity (Chicago – EUA) e professor do Programa de Pós-Graduação em Gestão Urbana (PPGTU) da PUCPR.
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