A cidade ideal nunca está pronta. A cidade ideal encontra soluções criativas para manter e ampliar a qualidade de vida.
Aos 322 anos, Curitiba mudou de escala. A Curitiba pacata das décadas de 1970 e 1980 deu lugar a uma metrópole com quase 2 milhões de habitantes, que se somam aos milhões da região metropolitana. Junto com o crescimento da população veio o aumento da demanda por serviços públicos. Nosso desafio é acompanhar esta expansão e planejar o futuro. Esse desafio se torna ainda maior quando o país enfrenta, simultaneamente, crises política e econômica. Graças ao pacote de austeridade que implantamos nos últimos dois anos, com corte de 25% nas despesas de custeio e economia superior a R$ 300 milhões, Curitiba está hoje em situação mais confortável que a maioria das grandes cidades brasileiras.
No momento em que planejamos o futuro, a pergunta que temos de fazer é: em qual cidade queremos viver daqui a 10, 20 ou 50 anos?
Trabalhamos para construir uma Curitiba mais humana. Finalizamos a revisão do Plano Diretor, que norteará os caminhos do desenvolvimento de nossa cidade na próxima década. Hoje, nossas crianças estudam nas melhores escolas públicas do país. Curitiba tem cinco escolas municipais entre as 15 com os melhores índices de Desenvolvimento da Educação Básica Infantil (Ideb) do Brasil.
Em qual cidade queremos viver daqui a 10, 20 ou 50 anos?
- Faixa exclusiva e melhoria da qualidade de vida (artigo de Roberto Gregorio da Silva Junior, publicado em 14 de março de 2015)
- O planejamento urbano perdeu espaço (artigo de Juliano Geraldi, publicado em 6 de fevereiro de 2015)
- Plano diretor: uma construção coletiva (artigo de Adriano Camargo Gomes e Manoel Eduardo Alves Camargo e Gomes, publicado em 23 de janeiro de 2015)
No fim de 2014, uma pesquisa com mais de 10 mil usuários da rede municipal de saúde registrou que 85% das pessoas atendidas nas unidades básicas de saúde aprovaram o atendimento. Já entre os que buscaram os centros de especialidades, o índice de aprovação chegou a 95%. Além disso, a contratação de novos médicos para as UPAs permitiu a diminuição do tempo médio de espera para os casos de urgência e emergência, de três horas para uma hora e meia.
Para evoluir, uma cidade também precisa mudar de conceitos e quebrar paradigmas. Essa mudança conceitual pode levar gerações e exigir um grande esforço de comunicação. A população precisa estar envolvida nas decisões para incorporar as mudanças de atitude.
Na área ambiental, Curitiba é reconhecida como capital modelo. Porém, se não contarmos com o envolvimento de toda a sociedade, essa imagem não se sustentará. A prefeitura retira diariamente perto de três toneladas de lixo dos rios. Para reverter essa realidade, investimos em campanhas educativas de redução de lixo. Até o fim de 2015, nossa gestão já terá garantido a preservação de 600 mil metros quadrados de áreas verdes com a criação de parques, bosques e Reservas Particulares do Patrimônio Natural Municipal (RPPNM). Outro novo conceito são as estações de sustentabilidade, que estamos instalando nos bairros para que a população deposite seu lixo. Em países como o Japão, não há coleta domiciliar. As pessoas se programam a partir de um calendário para levar o lixo a pontos de recebimento.
No trânsito e no transporte também estamos enfrentando paradigmas. Criamos a Via Calma e a Ciclorrota, para uso compartilhado entre carros e ciclistas. As faixas exclusivas de ônibus estão permitindo ganho de velocidade do transporte coletivo. A reflexão que temos de fazer é se queremos transportar mais carros ou mais pessoas.
São reflexões como esta que estão nos fazendo governar com os olhos voltados para as pessoas. Aos 322 anos, Curitiba amadureceu para absorver estas mudanças e incorporar novos conceitos. A Curitiba mais humana depende da atitude de cada um de nós.
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