Nas últimas décadas tornou-se possível – e até comum – que as mulheres sejam responsáveis pelo rumo da própria vida. Dois grandes movimentos explicam isso: a ampliação de liberdades civis e a mudança inexorável da propriedade do dinheiro no mundo, de “dele” para “dele e dela”.

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Aquelas que antes mal tinham liberdade para escolher com quem se casar ou como se sustentar, e muito menos para serem autoras de seu próprio destino, não pensam mais só em independência financeira. Mais do que isso, elas começam também a valer-se de sua figura pública para influenciar a sociedade, deixar legados e inspirar homens e mulheres mundo afora sobre como transformar para melhor a vida de diversas pessoas.

Elas já estão no controle de US$ 14 trilhões dos ativos mundiais e isso não é só em nações com amplas liberdades. Até em países como Arábia Saudita, Bahrein, Kuwait e Qatar são elas que controlam esses ativos.

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No meio político, o sufrágio universal virou discussão do passado. O tema em questão é a representatividade feminina nas casas legislativas

Os avanços são amplos também em países tradicionalmente vistos como defensores da liberdade, como os EUA, em que as mulheres representam 57% dos diplomas universitários, 61% dos de mestrado e 49% dos de doutorado. Há cerca de 100 anos, as mulheres de lá eram proibidas de fazer até mesmo um curso superior e eram punidas criminalmente caso resolvessem se prevenir da gravidez com contraceptivos.

No mercado de trabalho, se a maior propensão a cuidar da família pode representar um desafio para superar a diferença salarial entre gêneros no Brasil, a resposta de muitas delas para isso já pode ser medida em números bem significativos: 5 milhões delas resolveram empreender e são donas de 50% das novas empresas brasileiras.

Já no meio político, o sufrágio universal, outro direito recente, virou discussão do passado. O tema em questão é a representatividade feminina nas casas legislativas, já que o direito a participar da escolha é uma realidade. Até os Emirados Árabes Unidos (que só aceitaram o voto feminino em 2010) e Angola acham correto destinar 30% das vagas na política para o sexo feminino.

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É evidente que sempre há no que avançar, até porque, além de determos, em geral, salários menores, ainda representamos 70% do 1,1 bilhão de pessoas que sobrevivem no mundo com menos de US$ 1. Mas o fato é que o espaço ocupado pelas mulheres nas sociedades mudou – e para melhor. Como consequência, mudam também completamente as instituições, simplesmente porque passam a aceitar que elas e eles façam escolhas diferentes ou decidam investir de forma diferente, tornando o processo gerencial mais amplo e fascinante, possibilitando que a tomada de decisão passe a ser complementar.

A valorização das mulheres na sociedade é uma inequívoca conquista da liberdade, mas não só para nós. Isso representa também uma vantagem para os homens, que vêm ganhando nos últimos anos uma forte e criativa parceria para enfrentar os grandes desafios da vida.

Marlene Campos Machado, empresária, é coordenadora nacional da campanha Mais Mulheres no Parlamento.