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A inovação no Brasil e no mundo tem sido amplamente discutida do ponto de vista das empresas que desenvolvem produtos inovadores e os ofertam no mercado. Esse é certamente um ponto fundamental para entender o processo de desenvolvimento gerado pela inovação para um país ou região. Hoje, entretanto, se sabe que esse não é o único aspecto a ser considerado para que projetos inovadores sejam bem-sucedidos. É preciso considerar também a percepção dos consumidores e como eles se comportam frente a produtos tecnologicamente novos.

Consumidores não reagem igualmente diante da oportunidade de conhecer, experimentar e comprar produtos tecnologicamente novos. Alguns se movimentam mais rapidamente para adquirir as novidades. São os bem-informados sobre o que há de novo e que percebem no uso desses produtos a possibilidade de manter seu status social. Estes estão dispostos inclusive a pagar mais pelo produto para utilizá-lo antes dos demais. Outro grupo é o daqueles que esperam o resultado do uso da nova tecnologia pelo grupo dos "amantes da tecnologia" para decidir se vale ou não a pena adquirir o produto. Por fim, há um terceiro grupo de pessoas que se comportam de maneira conservadora e preferem não adquirir novas tecnologias a não ser que seja imprescindível para continuar exercendo sua função na sociedade.

O Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP) realizou recentemente um evento para discutir inovação a partir do ponto de vista dos consumidores. O workshop teve como base os resultados de uma pesquisa internacional, que revelou ser a população brasileira fortemente receptiva a produtos tecnologicamente novos, o que contrasta com o comportamento ainda muito conservador dos empresários em relação a projetos inovadores.

Essa constatação é importante, principalmente para os micro e pequenos empresários, para direcionar suas estratégias de competição na Sociedade do Conhecimento. Conhecer o público alvo de um produto e escolher para qual dos três perfis de consumidores ele se destina é fundamental para que a empresa tenha sucesso no mercado e garanta sua sustentabilidade. Grandes empresas possuem alguma capacidade de induzir a demanda por seus produtos, seja por grandes estratégias de marketing e publicidade, seja pela posição monopolista que ocupam. Já as micro e pequenas empresas precisam ouvir os anseios do consumidor e pautar nessas informações sua forma de atuação.

Para as empresas de menor porte que desejam implementar projetos inovadores é extremamente relevante saber onde se localizam os consumidores mais abertos a produtos novos e como atingi-los. Porém, nos estágios iniciais de lançamento de seus produtos devem evitar o grupo de pessoas conservadoras. Outro aspecto importante é saber que o grupo de consumidores que se move rapidamente para testar novos produtos também é o grupo que normalmente forma a opinião dos demais sobre a qualidade e utilidade das novas tecnologias. Para convencê-los é preciso que o produto apresente diferencial significativo em relação ao que já existe no mercado. Produtos com melhorias incrementais em relação a seus concorrentes em geral terão mais sucesso se focarem o grupo dos "seguidores". Ali o risco de rejeição é menor, pois o produto já foi validado por consumidores com maior conhecimento tecnológico.

Conhecer o consumidor é fundamental para o sucesso no mercado, por isso é preciso estabelecer canais de comunicação com eles e incorporar as informações obtidas no modelo de gestão da empresa, seja ela pequena ou grande. Hoje, cada vez mais, o consumidor é o ator-chave para o sucesso dos projetos inovadores.

Rodrigo G. M. Silvestre é economista do Instituto Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP)

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