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De onde vem a ideia de que “policial bom seria o policial morto”

Armas e drogas apreendidas por operação policial: bandidos optam por uma vida intensa, mas curta. (Foto: Reprodução/ Twitter)

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A cidade do Rio de Janeiro ganhou as manchetes recentemente devido à violência urbana. Não seria novidade, se não fosse uma inversão entre as ideias de bem e mal que vem ocorrendo já há algum tempo e agora atingem seu ápice. Há setores que insistem em atribuir às forças policiais adjetivos negativos como truculência e falta de preparo, enquanto trata os criminosos como vítimas da sociedade. Séries de televisão fazem sucesso com narrativas nas quais os bandidos são legais, a polícia é malvada e todos torcem para que ninguém seja pego ou preso. Imaginem isso na vida real: os cidadãos viveriam um caos que, com certeza, seria muito diferente dos filmes.

É importante deixar claro que a polícia tem diversas missões, como proteger as pessoas, fazer cumprir as leis, combater o crime e preservar a ordem pública. A grande maioria honra o compromisso que assume de bem cumprir suas funções e atua de forma disciplinada e disciplinadora. Aqueles que transgridem são responsabilizados por seus abusos, punidos e penalizados conforme a gravidade do ato cometido, inclusive com expulsão da corporação.

Mas o mesmo não ocorre em determinadas comunidades dentro da metrópole carioca. Existem lugares onde o Estado não consegue intervir e a justiça é executada por meio dos tribunais do tráfico, instaurados não raramente a partir de julgamentos feitos por celular em poucos minutos, sem contraditório nem ampla defesa, testemunhas ou recursos. Basta que as regras sejam descumpridas para que o veredito seja dado, por vezes, uma sentença de morte. A lei do tráfico é a palavra do tráfico. E não são apenas os que “vacilam” que podem morrer.

Qualquer cidadão corre risco de morte, até por motivos banais como errar o caminho e entrar por engano em uma área “restrita”, usar um símbolo da comunidade rival. Mesmo um simples olhar pode ser visto como falta de respeito e pago com a vida. Àqueles que, no conforto de suas casas insistem em inverter os valores e criticar as forças de segurança por todo o mal que acontece, inclusive no decorrer das operações, que frequentemente se transformam em cenário de guerra, teriam coragem de visitar uma área dominada pelo crime organizado fardados como policial?

Uma das principais razões pelo aumento da letalidade nas operações policiais é a decisão que suspendeu as operações policiais no Rio de Janeiro desde junho de 2020, fruto da ação ajuizada por iniciativa do Partido Socialista Brasileiro (PSB). A mensagem que a ação enviou aos criminosos é a de que a posição deles é legítima. O crime organizado também teve tempo para adquirir armamento pesado, muita munição e até uniformes táticos e botas de combate, além de construir barricadas de concreto e outras defesas para o confronto com a polícia. A iniciativa formalizou a criação de um refúgio para o crime no Rio de Janeiro, provocando a migração de lideranças criminosas do país inteiro para o estado. Assim, operações policiais que deveriam ser rotineiras, agora enfrentam um exército de narco guerrilheiros prontos para a guerra.

A cobertura dessas situações chegou a um ponto sem volta, distorcendo a realidade. Na operação da Vila Cruzeiro, quando 23 pessoas morreram, alguns repórteres chamaram de “chacina da Vila Cruzeiro” e alegaram que a maioria dos mortos não tinha mandato de prisão. Nenhum policial sai de casa e se junta a outros para matar cidadãos em seu local de moradia. Tratava-se de uma ação de inteligência que já vinha sendo monitorada pela Polícia Federal. Quando equipes do BOPE e da PRF se preparavam para a incursão de madrugada, criminosos começaram a fazer disparos de arma de fogo. O confronto resultou em diversas mortes, mas não de policiais, o que levou a comentários inoportunos, quase quase um lamento pelas vidas poupadas. Não deixa de ser um desrespeito ou esquecimento, uma vez que, segundo levantamentos realizados, o número de policiais baleados e mortos aumentou em relação ao ano passado. Durante a operação no complexo da Vila da Penha, armamento pesado foi apreendido, prova de que atividades criminosas ali se desenvolviam. E eventuais violações já estão sendo investigadas pelo Ministério Público Federal.

Jornalistas, “especialistas”, intelectuais, artistas e todos que criticam a ação da Polícia no Rio nunca tiveram de enfrentar bandidos fortemente armados atirando em sua direção. Eles querem convencer a opinião pública de que os marginais jamais abriram fogo covardemente contra agentes de segurança. Só esquecem que esses bandidos, segundo suas próprias leis, queimam pessoas vivas em pneus, espancam, torturam, matam e esquartejam mulheres, além de outras práticas de fazer inveja a grupos terroristas internacionais.

O que deve ser defendido é o lado do bem, que é o garantidor da liberdade, do direito de ir e vir, protetor da propriedade e da vida, nunca do lado do mal, do criminoso, do traficante, do terrorista, daquele que segue suas próprias leis. Manchetes tentando qualificar a conduta em operações policiais como crime deveriam ser revistas. O lado do bem não pode ser comparado ao lado do mal, nenhuma sociedade justa pode aceitar tal comparação, uma vez que a ação se deu dentro do estrito cumprimento do dever legal.

Há alguns dias,  dois policiais rodoviários federais no Ceará  perderam suas vidas, assassinados por um homem em situação de rua. Muitos se perguntaram por que não reagiram e não enfrentaram o agressor que se apropriou da arma de um deles. Simplesmente porque eles defenderam seus empregos, não suas vidas, e acabaram perdendo os dois. Na verdade, não reagiram por ter receio de usar a força e responder por tal decisão. A difícil escolha pelo uso da força letal vem tirando a vida de muitos policiais porque quem ataca a polícia não hesita em matar.

Na operação na Vila Cruzeiro, os policiais, num confronto de guerra, tiraram a vida de marginais que não relutariam em matá-los. Viver diariamente o dilema entre proteger a sociedade, o emprego ou a vida é extenuante. É uma perversidade seguir relativizando o certo e o errado. Tratar marginais com extensa ficha criminal simplesmente como pessoas humildes e marginalizadas é criminalizar o próprio cidadão que, apesar das dificuldades econômicas, vive sua vida honestamente e hoje é refém dessas organizações. Os agentes das forças de segurança arriscam suas vidas diariamente para impor o bem: combater o crime e proteger inocentes contra o mal. É para cumprir a lei, não por diversão, que eles enfrentam todos os tipos de desafios, inclusive a demonização de parte da mídia.

Carlos Arouck, policial federal, é formado em Direito e Administração de Empresas.

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