| Foto: Marcos Correa/Presidência da República

A cena se repete com um misto de sentimentos de já termos presenciado a situação há tempos, como retrata a famosa expressão francesa déjà vu. Após os últimos acontecimentos envolvendo o presidente Temer e o empresário da JBS Joesley Batista, o Congresso Nacional entra em colapso, o empresariado retorna ao estado de apreensão e a população se decepciona e volta a protestar nas ruas. E o Brasil entra, novamente, em seu ciclo de instabilidade.

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A confiança, que começava a dar sinais de melhoria para a volta dos investimentos, retorna à estaca zero. As projeções de economistas são de que os investidores colocam o pé no freio diante da incerteza e o preço da recuperação impacta não só o empresariado, mas a população.

Parece que nossos líderes – se podemos chamá-los de “nossos” e de “líderes” – perderam a vergonha faz certo tempo

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Parece que nossos líderes – se podemos chamá-los de “nossos” e de “líderes” – perderam a vergonha faz certo tempo. A falta de ética, as atitudes e mentiras desmedidas em benefício próprio trazem os efeitos catastróficos que temos presenciado. O ciclo se repete sem nem ao menos aspirarmos a uma saída. Pelo visto, o encarceramento em Curitiba não mete medo nos nossos delinquentes políticos, que continuam a cometer os mesmos crimes e atos de bandidagem de baixo nível.

Mais uma vez caímos no ranking da competitividade mundial, ficando no antepenúltimo lugar, só à frente da Mongólia e da Venezuela. Tudo isso por causa da nossa má reputação, do custo da corrupção e dos atrasos em nossa legislação. Como sempre digo, ter competitividade significa ser a escolha e, mais do que isso, ser escolhido. Com todo o cenário de incerteza e molecagem, distanciamo-nos cada vez mais das cadeias produtivas internacionais.

Do mesmo autor:Horas na empresa nem sempre são sinônimo de produtividade (31 de julho de 2014)

Opinião da Gazeta: Competitividade em queda livre (editorial de 6 de junho de 2017) 

E como recuperar a confiança perdida? Em um momento de tanta polarização e ideologias políticas, os ataques e ofensas não são a resposta. Criar um ambiente de negócio sustentável é saber lidar com as diferenças, de forma harmônica e responsável, por meio de diálogos e acordos transparentes que beneficiem a todos. Não seria o momento de reconhecer os erros, parar de mentir e se defender, unir os esforços e começar o árduo trabalho de recuperarmos a confiança interna e externa no país?

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Nosso objetivo principal deveria ser cuidar do Brasil de forma a mobilizar a sociedade e o empresariado, eliminando as estratégias de conveniências e conivências e agindo com mais ética no dia a dia. Podemos reverter o ciclo e criar uma nova história, corrigindo os erros para mudar o futuro do país. Esta é a nossa tarefa.

Jairo Martins é presidente-executivo da Fundação Nacional da Qualidade.