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Largo da Ordem em domingo sem feira. Devido as restrições impostas pelo combate a pandemia de corona vírus neste domingo 06-12-2020 a tradicional feirinha do Largo da Ordem não aconteceu .
Imagem ilustrativa.| Foto: Lineu Filho/Tribuna do Paraná

Com o surgimento das novas tecnologias, como o delivery por aplicativos, percebemos como sua aplicação vem afetando os serviços e mercado de trabalho no Brasil e em outros países. Pontos muito positivos da aplicação dessas tecnologias são a flexibilidade e desburocratização que elas permitem, além da utilização de recursos de forma mais eficiente com consequente redução de custos e preços.

Atualmente, existe grande facilidade em se tornar dono de um hotel, mesmo que seja apenas disponibilizando um quarto da própria casa, virar “taxista” ou entregador de restaurantes, através dos aplicativos de delivery, para citar alguns exemplos. A difusão da internet e a melhoria contínua do processamento dos computadores e smartphones fornecem várias oportunidades que eram inimagináveis em um passado recente.

Como em todo processo de mudança tecnológica, há ganhadores e perdedores. Empresas e trabalhadores perderam espaço e renda, saíram do mercado ou tiveram que buscar novas qualificações e setores para investimentos. Mesmo empresas que eram bem estabelecidas, acabaram praticamente desaparecendo ou tiveram que se reinventar, como os casos da Kodak, Xerox e Fujifilm. Por outro lado, novas empresas surgiram ou ganharam mercado, como Netflix, Amazon, Uber, Airbnb, entremuitas outras. Nesse processo, o mesmo acontece com certas carreiras e qualificações.

De uma forma geral, a sociedade ganha com as inovações que surgem, pois elas permitem acessar bens e serviços que eram inexistentes, além de possibilitar ganhos de produtividade, aumento de renda e novas oportunidades econômicas. Por exemplo, o Uber gera oportunidades de emprego para uma parcela significativa de trabalhadores menos qualificados, reduzindo o desemprego para essa categoria com consequente aumento dos salários. Também permite a complementação da renda por pessoas que já possuem outra ocupação, considerando um dos seus grandes atributos que é a flexibilidade que ele permite.

Considerando o lado dos consumidores, o Uber permitiu maior acesso a um tipo de serviço de transporte que era uma exclusividade dos taxistas, onde as barreiras à entrada mantinham preços muito elevados. Adicionalmente, com o valor pré-estabelecido das corridas, não há incentivos para desvios de rota com o intuito de elevar o valor da corrida, há a possiblidade de compartilhamento da rota, aumentando a segurança, o pedido do serviço se tornou muito mais simples e rápido com a existência do aplicativo pelo smartphone e maior oferta do serviço, além do mecanismo que ajusta o preço da corrida de acordo com a oferta e demanda ajudando a regular e trazer mais eficiência a esse mercado.

O serviço de delivery por aplicativos, com destaque para os deliveries de comida, possui características similares em alguns sentidos em relação aos aplicativos de corrida. Esse serviço tem propiciado novas oportunidades de trabalho, flexibilidade em termos de horas trabalhadas e maior comodidade aos consumidores. No entanto, ele é feito sobretudo por motos.

As entregas de comida têm gerado uma série de transtornos devido às múltiplas infrações de trânsito realizadas pelos entregadores, maior risco de acidentes e elevação dos custos decorrentes de acidentes. A população e o sistema público de saúde estão arcando com esses custos. Não seria razoável fazer com que as plataformas de delivery por aplicativo tivessem que pagar por essa elevação dos custos sociais e públicos decorrentes da direção imprudente por parte dos entregadores? Só assim essas plataformas teriam incentivos para adotar medidas que melhorassem o comportamento dos entregadores.

Luciano Nakabashi é doutor em economia e professor associado da FEARP/USP.

Conteúdo editado por:Jocelaine Santos
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