![Depois da crise | Leonardo Prado/Câmara dos Deputados](https://media.gazetadopovo.com.br/2017/04/e2196742179b6191fa711fad1a50e164-gpLarge.jpg)
As crises demonstram o esgotamento dos estilos de governo e de seus projetos de desenvolvimento que enfrentam a resistência de grupos beneficiados pelo velho modelo, sem aceitar as reformas necessárias. A reação dos latifundiários contra a reforma agrária levou à explosão urbana e manteve a pobreza no campo.
Nossa crise atual é o resultado do esgotamento dos recursos fiscais, usados sem restrições para atender às reivindicações de cada grupo social no curto prazo; e sem respeito às regras da boa gestão, nem aos interesses da nação no longo prazo, sem adaptar a economia ao avanço das técnicas produtivas.
Como era previsível, acabou a possibilidade de considerar os recursos públicos ilimitados, bem como o costume de evitar que os anseios e reivindicações de cada grupo social organizado fossem atendidos. O esgotamento de recursos públicos e do protecionismo ao velho modelo leva à crise e seus sofrimentos, mas oferece otimismo para o que poderá ocorrer de positivo quando a crise passar.
Essa pedagogia da catástrofe vai ensinar a valorizar a eficiência, a cultuar a redução de gastos, a preferir o bem-estar no lugar do consumo, a prestigiar o governante eficiente que faz mais gastando menos. A crise forçará a aceitação do limite nos gastos do setor público, quebrando a histórica ilusão fiscal de que o Estado teria dinheiro para tudo.
A pedagogia da catástrofe vai ensinar a valorizar a eficiência, a cultuar a redução de gastos
A reforma que impõe o teto para gastos vai provocar a consciência republicana ao substituir reivindicações irresponsáveis por disputas responsáveis na elaboração dos orçamentos públicos. A política vai melhorar quando os defensores do aumento de gasto em um setor lutarem para reduzir gastos em outros setores.
A Lava Jato trouxe perdas econômicas e políticas ao abalar a credibilidade de grandes empresários e políticos, mas pode provocar o aprendizado de que a indecência tem custo. É possível esperar que as empresas pós-crise serão mais eficientes, o eleitor será mais cuidadoso e os candidatos, mais éticos.
Desperdício de recursos, baixa taxa de natalidade e crescente aumento na expectativa de vida exigem a reforma da Previdência. Muitos se opõem a ela, mas, depois de realizada, o sistema terá sustentabilidade e acabará com tratamentos desiguais.
Em nome de proteger direitos dos trabalhadores empregados, o conservadorismo impediu que o Brasil se adaptasse ao avanço tecnológico, condenando o país à baixa produtividade e competitividade. Se bem feitas, as reformas trabalhistas vão permitir que a economia seja mais eficiente e sintonizada com as exigências do avanço tecnológico.
Mas, se ficarmos prisioneiros do passado, defendendo privilégios daqueles que já participam do setor moderno em esgotamento, e o Brasil permanecer na crise por longos anos, continuando a disputa política, sem compromissos com a verdade, sem espírito público nem visão de longo prazo, saltaremos da crise para a decadência, e desta a uma desagregação social da qual já sentimos sintomas.
-
Osmar Terra explica como reverter decisão do STF sobre a maconha
-
Relação entre Lula e Milei se deteriora e enterra liderança do petista na América do Sul
-
O plano de Biden para tentar sair da crise: aparentar normalidade e focar em Trump
-
STF julga pontos que podem mudar a reforma da Previdência; ouça o podcast
Deixe sua opinião