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Na última semana, ocorreu em Barcelona o Smart City Expo World Congress - maior e mais influente evento do mundo quando o assunto é cidades e inovação urbana. É de lá que saem as principais tendências que vão nortear o setor e provocar ações para acelerar as cidades rumo a um futuro mais verde, eficiente e próspero. Foram três dias de imersão em um ambiente com grande exposição tecnológica, mas com alguns insights que sobressaem para além desse cenário. É o caso da sustentabilidade, que despontou como chave para o desenvolvimento de qualquer cidade. No congresso, as aplicações apresentadas destacaram requisitos como economia de energia e uso circular, o que reforça o compromisso inegociável de diferentes atores socioeconômicos com a preservação ambiental.
Hoje, apesar dos inegáveis avanços pós-pandemia, há um enorme gap na gestão de dados, tornando-o um ponto crítico relevante. A exploração das informações disponíveis de maneira ineficiente resulta em oportunidades perdidas que, por consequência, impactam negativamente na revolução da gestão pública. Nesse sentido, softwares que promovem a integração de diferentes sistemas se apresentam como tendências notáveis para esse progresso.
Um ponto relevante enfatizado durante o evento, foi o contínuo desafio enfrentado na área de mobilidade urbana, especialmente nas grandes cidades. Veículos autônomos, scooters elétricas, patinetes, drones para entregas de encomendas de todos os tamanhos e semáforos conectados continuam na vanguarda. Contudo, a integração efetiva dessas inovações ainda permanece como um quebra-cabeça complexo a ser solucionado. A iluminação pública segue como hub de inovação e ocupou boa parte da feira. Soluções "plug and play" e de baixo custo também foram amplamente discutidas, de sensores meteorológicos até câmeras com visão computacional.
Outro ponto alto da feira foi a presença marcante de entes de governo como líderes do processo de transformação urbana. Países como Estônia, Portugal, Espanha e Coréia destacaram-se exibindo soluções em parceria com empresas locais. Além disso, novos protagonistas estão surgindo e isso ficou evidente no evento. Grandes empresas de tecnologia e empresas de consultoria têm se unido a organizações não governamentais e startups para a criação de soluções integradas. Por fim, ficou explícito que a conectividade permanece como o elemento vital nas soluções para as smart cities, e as empresas de telecomunicações são a espinha dorsal desse novo ecossistema urbano, conectando 99% das soluções apresentadas na feira.
O desenvolvimento das smart cities no Brasil é um projeto que já vem ocorrendo em diversas cidades. Dentre elas, destaca-se o município de Curitiba eleita a cidade mais inteligentes do mundo no Smart City World Awards 2023 (premiação que ocorre dentro do próprio evento e que, este ano, recebeu mais de 400 inscrições de 63 países). Esse reconhecimento mostra que o país está trilhando um caminho positivo neste cenário, mas ainda há muito a fazer.
Em resumo, apesar dos inúmeros desafios, há progressos notáveis quanto ao desenvolvimento urbano. Priorizar a sustentabilidade, a integração, a gestão eficiente de dados e, acima de tudo, o senso colaborativo entre os setores público e privado, é a receita para impulsionar o desenvolvimento urbano e para transformar nossas cidades em verdadeiras smart communities.
Vitor Menezes é diretor de Assuntos Regulatórios e Institucionais da Ligga.
Conteúdo editado por: Jocelaine Santos