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É mais democrática uma sociedade, em que os cidadãos decidem sobre os caminhos a seguir, pelo menos nas questões mais importantes e que mexem diretamente com a vida de todos – como saúde, educação, transporte coletivo, Lei de Diretrizes Orçamentárias, segurança pública, geração de emprego e renda.

Estamos numa sociedade pouco democrática e com muitas injustiças sociais, onde a maioria das decisões têm sido tomadas diretamente pelos "políticos" e os cidadãos ficam à mercê da boa vontade desses indivíduos.

A história tem mostrado que, sem participação popular, não há transformação social. É por isso que a participação de todo cidadão nas discussões e decisões políticas – participando, questionando e reivindicando – é muito importante para que a sociedade encontre alternativas que possam acabar com as injustiças sociais. Infelizmente há muitas injustiças e uma das maiores delas ocorre, justamente, contra aqueles que são responsáveis pelo desenvolvimento intelectual e até moral da nação – os professores.

A escola é responsável para estimular o desejo pelo saber e a transmissão de conhecimento, despertar na criança e no adolescente o gosto pela leitura e pelas ciências. Porém os pais também são responsáveis pela educação de seus filhos. "(...) a inversão de valores, que provocou a falta de limites das crianças deteriorando a autoridade do professor, ao mesmo tempo que, paradoxalmente, se transferiram para a escola atribuições tradicionais da família, tornou o professor uma espécie de refém da família, da sociedade e das decisões educacionais equivocadas. Assim, a falta de disciplina e de motivação das crianças tornaram-se, em consequência, dois dos maiores problemas dos educadores." (Tania Zagury, pioneira na discussão do papel dos limites na educação).

Além disso, o Estado tem se omitido diante das circunstâncias, e muitos ocupantes de cargos políticos não demonstram nenhuma preocupação com a situação dos professores. Suas políticas públicas para a educação são paliativas e de cunho eleitoreiro, ainda segundo Tania Zagury, há "(...) falta de empenho e de vontade política, uso inadequado de verbas públicas, precariedade de instalações e infraestrutura, remuneração docente inqualificável etc. Além do mais, rotineira e ciclicamente, sabemos, elas voltam à baila (e continuarão a voltar) sob a forma de discursos belíssimos e inflamados, especialmente quando se aproximam as eleições em quaisquer níveis".

Para muitos, o desenvolvimento econômico deve ser um fim em si mesmo. Não importa se a escola está falindo, se os professores estão sob pressão, o importante é haver crescimento econômico. Ou seja, a educação continua em segundo, terceiro ou quarto plano nos programas de governo e nos orçamentos públicos. Os professores não podem contar com o Estado e com os "políticos". O professor é refém de um sistema descomprometido com a escola pública.

Fala-se tanto em uso de novas tecnologias na escola, mas nada é feito para diminuir o excesso de alunos na sala de aula. Fala-se tanto em novas propostas pedagógicas e colocam-se em prática muitos poucos projetos pedagógicos, mas a indisciplina toma conta do ambiente escolar e a impunidade impera na consciência do aluno de escola pública.

A sociedade deve tomar consciência da situação enfrentada pelos docentes. E os pais precisam entender que a qualidade do ensino, ou seja, a boa qualidade do ensino oferecida na escola que seus filhos estudam, está intimamente ligada ao bem-estar dos professores.

Inspirado na célebre frase de Paulo Freire "Ninguém liberta ninguém, as pessoas se libertam em comunhão", o Movimento Respeito e Dignidade tem reunido professores que atuam em sala de aula, levando-os a discussão e reflexão sobre os seus desafios e angústias, e a necessidade da organização política da categoria, capaz de reivindicar e exigir das autoridades políticas o respeito à sua saúde, ao seu profissionalismo e ao magistério.

Há um imenso desafio, cada personagem tem o dever de exercer o seu devido papel – que o Estado e a família cumpram com a sua tarefa e não deleguem aos professores as suas responsabilidades. Para que os professores possam, prazerosamente, exercer o seu magistério numa escola agradável para o convívio e o aprendizado de nossas crianças e adolescentes.

Celso Wesley Ribas, historiador, é professor de História e membro do Movimento Respeito e Dignidade, que atua pela melhora da qualidade de ensino no Paraná

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