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Desafio o Brasil tinha em meados de 1956, quando o presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira lançou o lendário programa governamental do Plano de Metas do crescimento em cinco setores com um total de 30 metas; "50 anos em 5" era seu slogan, tendo também realizado a criação, no planalto goiano, da capital federal, que o próprio JK batizou de "meta-síntese".

Até então, o Brasil era um país com papel figurante no cenário internacional: produtor primário, país agrícola, o grande terreno do mundo, em transição para a industrialização. Entretanto, o jubilado crescimento desenvolvimentista não condicionou ao país a estrutura necessária; esse fato pode ser explicado pelos PACs do ex-presidente Lula e da presidente Dilma já na última década, início do século 21.

Em plena era da informação, em que países dotados de inteligência "tecnoinformacional" caminham a distâncias quilométricas de nosso país, percebe-se por aqui certa dose de contrassenso, ao passo que estradas, linhas férreas, hidrelétricas, saneamento, habitação, portos ainda são metas "pétreas" do governo por intermédio do PAC e suas extensões.

Em um país como o Brasil, hoje considerado a nona economia mundial – após ficar por poucos meses na sexta posição em 2012 –, as atenções deveriam estar direcionadas um pouco mais ao fomento de tecnologia de ponta e ao fortalecimento da ciência e tecnologia, que caminham a curtos passos, subjugadas por outras formas de políticas públicas. Os Vales do Silício estadunidense e israelense são bons exemplos de gestão voltada para a informação e tecnologia de ponta.

A corrupção é outro desafio contemporâneo que sempre existiu; era adiáfana e imperceptível à reflexão da ampla sociedade; exterminá-la é o nosso desafio. Ela anda bastante veiculada no cenário político brasileiro, mais especificamente com a eclosão do mensalão. Em 2012, o então procurador-geral da República Roberto Gurgel bem definiu a maracutaia como "o mais atrevido e escandaloso esquema de corrupção e de desvio de dinheiro público flagrado no Brasil". Renato Ribeiro, em uma troca de conhecimentos no seu livro Política para não ser idiota, de 2010, defende "a ideia de que a corrupção não aumentou; ela só está sendo mais percebida". Logo a sociedade acordou, não mais em berço esplêndido; agora desperta para a nova vida participativa, politicamente.

O brasileiro, ainda que meticuloso – principalmente nas classes D e E –, está mais politizado em sua comunidade, em seu lar; estuda on-line, tem acesso às notícias em geral e com melhor qualidade, possui algum conhecimento de seus direitos, o que até pouco tempo inexistia. Com o advento da expansão da internet, o conhecimento é propiciado de forma imediata e isso produz referência para o cidadão expressar-se crítica e socialmente, ser ativo dotado de reflexão em movimento na busca de seu papel, não solo, mas protagonista no cenário da vida. Na Primavera Árabe não foi diferente: os cidadãos estavam enfadados com a, digamos, gestão social (corrupta?) de seus países; saíram às ruas e protagonizaram algo jamais visto na história daquelas nações. No Brasil, eclodiram as "jornadas de junho" em 2013, conhecidas também como manifestações da Copa das Confederações, algo próximo do que ocorrera no Oriente Médio em relação ao não conformismo com o statu quo em solo brasileiro. O comodismo social, a apatia política, a desinformação, o assistencialismo, entre outros, se não forem colaboradores diretos da (ou para a) corrupção, são, em suma, o ponto limiar em que ela se estabelece e prolifera.

Na Grécia Antiga havia cerca de 40 assembleias ao ano e todos os cidadãos livres (à época, um grupo "seleto" de homens) participavam ativamente da construção social que eles ora almejavam, e não havia a obrigatoriedade de presença nas reuniões.

No Brasil, uma extensa maioria vive isso, ainda que obrigatoriamente, uma vez a cada dois anos. E no decorrer? Poucos, certamente, fazem a diferença, participam das decisões de sua comunidade, seja em que nível for. O grande desafio para essa geração madura na segunda década do século 21 é não dizer por aí, sem saber, que todo político é corrupto (ou não), mas participar ativamente da vida pública mesmo que em sua vila ou bairro; buscar saber realmente o que faz o seu representante público, se ele atua em prol do povo para o benefício comum. Consequentemente, esse desencadeamento produzirá mecanismos para suprimir a corrupção que tanto maltrata a sociedade e degenera a máquina pública responsável por servir a todos com isonomia.

Intermediadas por um olhar crítico-participativo, as políticas públicas terão mais eficiência e maior abrangência administrativas – o cerne da democracia. A conhecida sentença popular "o olho do dono é que engorda o gado" é simplória, mas bem sintetiza o que o povo deve fazer: não se abster no que tange à participação e atuação politizada versus a contemporaneidade da administração pública, os politiqueiros, os favores, as benesses que – na verdade – são malefícios ao Estado.

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