Não, o verbete do título não consta de nenhum dicionário, mas não me espantarei se em breve passar a constar. Tal neologismo criação de uma nova palavra começou a surgir mais de uma década atrás, por causa das tais campanhas de desarmamento, sendo invocado a cada crime com faca e não são poucos para ironicamente expressar a completa ineficácia da política nacional de recolhimento de armas, a qual, apesar do fragoroso fracasso, vige até hoje na terra brasilis.
E eis que me deparo com duas notícias que remetem ao aludido termo, uma delas sobre um covarde ataque a uma sinagoga em Israel, onde dois terroristas armados com facas deixaram quatro mortos e outros tantos feridos, e só acabaram mortos com a chegada da polícia. A outra é sobre segurança pública na Inglaterra.
No primeiro caso, o de Israel, enquanto feridos ainda eram atendidos e os mortos, retirados do local, o ministro israelense de Segurança Pública, Yitzhak Aharonovitch, disse que o país vai facilitar o porte de armas para garantir a autodefesa dos cidadãos. "Aliviarei imediatamente as restrições sobre o porte de armas", afirmou à rádio pública de Israel.
Já a segunda notícia, vinda da Inglaterra berço moderno do desarmamento e país que falsamente é usado como exemplo de sucesso dessa política no combate ou redução de crimes violentos , informa que várias cidades, diante de uma verdadeira epidemia de crimes cometidos com facas, facões, espadas e machados, lançaram efetivas campanhas de "desfaqueamento"! Isso mesmo, as pessoas estão sendo convidadas a entregar suas facas em prol da segurança. Com tais campanhas, o governo e a polícia tentam diminuir as ocorrências violentas utilizando tais objetos. O absurdo da notícia, confesso, até para mim causa dificuldade de tecer críticas minimamente educadas, sendo impossível não indagar o que virá depois. Entregar bastões? Pedras? Garrafas de vidro? Ou serão as próprias mãos?
Minha modesta sugestão para os operadores da Segurança Pública, na Inglaterra ou em qualquer outro país: leiam com atenção o livro da americana Joyce Lee Malcolm, professora e doutora em Direito, chamado Violência e Armas A Experiência Inglesa (lançado no Brasil pela Vide Editorial), obra em que a escritora faz um minucioso estudo sobre a criminalidade na Inglaterra, iniciando no século 15 e indo até o século 21. Os resultados da extensa pesquisa são os já conhecidos: não existe relação entre nível de criminalidade e número de armas em mãos corretas, sejam elas facas ou fuzis.
A divergência de posturas é de simples compreensão: a Inglaterra, muito alinhada ideologicamente com o politicamente correto e com o progressismo, continua imaginando que aquele que quer fazer o mal só o faz por ter acesso aos instrumentos eficazes para isso. Israel, por outro lado, dá uma resposta rápida e eficaz, que aponta para algo que é sabido por todos e negado por muitos: que o Estado não é onipresente para a defesa do cidadão e um maluco armado, mesmo que com uma simples faca, só pode ser detido por um cidadão de bem, também armado em iguais ou superiores condições às do seu agressor. E que se dane o politicamente correto!
Bene Barbosa, especialista em segurança pública, é presidente da ONG Movimento Viva Brasil.
Dê sua opinião
Você concorda com o autor do artigo? Deixe seu comentário e participe do debate.