Eduardo Campos, um dia antes de sua trágica morte, afirmou: "Não vamos desistir do Brasil". É justo e lógico concluir que, se alguém nos pede para não desistirmos de um país, é por ver as dificuldades enormes que existem para continuarmos a acreditar e, ainda, por ver razões para continuar a acreditar.
Vejo uma boa razão para continuar a acreditar. Aos trancos e barrancos, o Brasil tem melhorado em inúmeros aspectos nos últimos 500 anos. Vejo outra razão, melhor ainda, para continuar a acreditar: não existe outro lugar no mundo para onde possam se mudar 200 milhões de brasileiros. Obrigatoriamente, se queremos uma vida melhor, temos de construí-la aqui, fazendo um país melhor. Impossível, portanto, desistir do Brasil.
Assim como não podemos desistir, temos apenas duas opções: viver aqui sem acreditar que a vida possa melhorar, ou viver acreditando que podemos melhorar. Aos que não acreditam resta apenas a alienação, o medo e a melancolia que vêm da crença de uma vida fadada à infelicidade. Aos que acreditam está reservado um enorme potencial de felicidade que vem da força que nos torna capazes de mover montanhas.
Se cada cidadão brasileiro for capaz de plantar uma única flor, teremos um imenso jardim. As ervas daninhas traficantes, bandidos, políticos corruptos e outras precisam ser controladas ou tomarão conta do jardim, para nossa infelicidade geral. A forma como organizamos (estruturamos) nossa sociedade, principalmente nosso sistema de governo, sistema de gestão do interesse coletivo, é o único inseticida que temos, eficaz e ecologicamente correto, para controlar nossas pragas sociais. Enquanto não o aplicarmos, a cada nova eleição estaremos enxugando gelo e novas ervas daninhas (políticos incapazes e/ou corruptos, além de seus seguidores, como traficantes e outros) brotarão, viçosas, logo após as eleições.
Duas regras, simples e básicas, fariam um bem enorme às flores de nosso jardim-Brasil e acabariam, no médio e longo prazo, com quase todas as ervas daninhas.
Em primeiro lugar, a nenhum cidadão brasileiro seria permitido ser eleito para qualquer cargo público (prefeito, governador, presidente, vereador, deputado) mais que uma vez. Um único cargo eletivo, uma única vez na vida. Isso seria o fim da política como profissão e todos os eleitos saberiam que, depois de quatro anos no poder, teriam de voltar a viver, para o resto da vida, sem mordomias, sem aposentadorias especiais e pagando todos os impostos que aprovaram enquanto estavam no poder, sendo protegidos pelo sistema de segurança que criaram. Se fossem grandes administradores ou legisladores, facilmente se sairiam bem na vida privada. Se fossem corruptos, preguiçosos ou incompetentes, quem os contrataria?
A segunda regra é a diminuição drástica no número de deputados federais e estaduais, e também de vereadores. Não mais que 70 deputados federais, 35 deputados estaduais em cada Assembleia Legislativa e dez vereadores por cidade. Salários de mercado; nada de aposentadorias especiais, apenas o INSS e o FGTS. A economia, para os cofres públicos sustentados com nossos impostos, seria de muitos bilhões de reais. Mas o melhor mesmo é que só os melhores seriam eleitos.
Ser político por quatro anos seria imensa honra para todos os cidadãos realmente dispostos a servir a pátria e não a servir-se dela, como faz hoje a maioria de nossos políticos profissionais.
Ou usamos esse tipo de inseticida ou vamos continuar tendo muitas razões para não acreditar em nosso jardim.
Oriovisto Guimarães é economista e empresário.
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