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BRA01. BELO HORIZONTE (BRASIL), 30/06/2023.- El expresidente brasileño Jair Bolsonaro, participa de una rueda de prensa hoy en Belo Horizonte (Brasil). El expresidente brasileño Jair Bolsonaro (2019-2022) afirmó que la decisión de este viernes del Tribunal Superior Electoral (TSE) de dejarlo inelegible hasta 2030 por abuso del poder y uso indebido de los medios públicos de comunicación en las elecciones de 2022 fue una “puñalada en la espalda”. EFE/ João Guilherme Arenazio
Ex-presidente Jair Bolsonaro presta novo depoimento à PF| Foto: EFE

Um pedido feito pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF), na segunda-feira (17), causou espanto em quem acompanha o noticiário político. A PGR solicitou que plataformas de redes sociais enviem uma lista completa com os nomes e dados de identificação dos seguidores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

O pedido, que carece de qualquer fundamento legal ou jurídico, é mais um ponto da escalada que órgãos da Justiça estão promovendo contra o ex-presidente, seus aliados políticos e agora em seus apoiadores. Com base nos acontecimentos (ainda bastante nebulosos) do dia 8 de janeiro, querem rotular de “antidemocráticos” todos aqueles que compartilham das ideias de Bolsonaro, com o intuito de reduzir (ou até anular) a força política demonstrada pelo ex-presidente nas urnas em 2022, quando foi derrotado por diferença mínima de votos, mas conseguiu eleger as maiores bancadas do Congresso e um grande número de governadores aliados em estados importantes da nação.

A elite progressista só estará fortalecendo a imagem do ex-presidente, que mesmo inelegível, deverá desempenhar papel importante nas próximas disputas eleitorais.

No entanto, mesmo com o emparedamento jurídico, que inclusive culminou na condenação de Bolsonaro à inelegibilidade, o bolsonarismo resiste. A elite progressista, presente em grande número na grande mídia, nas universidades e nos altos escalões da Justiça, decidiu por rotular como “bolsonaristas” aqueles que pensam de acordo com os valores e princípios conservadores, com visão à direita no espectro político. Essa elite inverte a relação causa e efeito, vendendo a narrativa de que Bolsonaro é quem faz essa parte da população defender essas ideias, quando na realidade é Bolsonaro que ganha o apoio desse segmento, justamente por abraçar e defender essas ideias.

Uma pesquisa do Datafolha divulgada em junho mostrou que 29% dos entrevistados se declaravam petistas, enquanto 25% se declaravam como bolsonaristas. Vale lembrar que, nas últimas eleições, o instituto cometeu erros clamorosos, superestimando as intenções de voto em candidatos da esquerda e subestimando os candidatos da direita.

Ao analisar a composição de cada grupo, nota-se que o bolsonarismo é mais forte entre quem ganha entre 5 e 10 salários mínimos (32%), moradores das regiões Sul e Centro-Oeste (28% e 30%, respectivamente) e evangélicos (29%). Já o petismo (ou lulismo) se destaca entre os moradores do Nordeste (42%), pessoas com menor renda (39%) e menor escolaridade (40%).

Ou seja, enquanto a base do petismo/lulismo é formada por eleitores mais volúveis, que tendem a tomar sua decisão de voto baseada no andamento da economia (principalmente os níveis de emprego, poder de compra e inflação), a base bolsonarista é formada por eleitores que tendem a ter maior fidelidade e votar nos candidatos que compartilham das mesmas ideias e valores por eles defendidos.

A candidatura de Bolsonaro em 2018 rompeu com décadas de polarização entre a esquerda (representada pelo PT) e a centro-esquerda (representada pelo PSDB), que contava com os eleitores antipetistas de direita para obter bons desempenhos eleitorais. Com a entrada de uma real força política de direita no cenário, o PSDB minguou e perdeu até o governo de São Paulo, onde esteve por quase 30 anos. Em 2022, quadros históricos do PSDB apoiaram Lula, que teve um ex-tucano, Geraldo Alckmin, como vice, comprovando que petistas e tucanos não eram tão diferentes assim.

Desta forma, a despeito da intimidação jurídica e das tentativas de cerceamento da liberdade de expressão, o bolsonarismo se mantém como força política e eleitoral no Brasil, com sólida base social e pautado por ideias, valores e princípios muito bem definidos. Ao taxar todos os conservadores ou pessoas com pensamento mais à direita de “bolsonarista”, a elite progressista só estará fortalecendo a imagem do ex-presidente, que mesmo inelegível, deverá desempenhar papel importante nas próximas disputas eleitorais.

Para se manter no poder, o lulismo/petismo depende (e muito) do desempenho da economia, para que os eleitores mais volúveis não mudem de lado no pêndulo. É provável que Bolsonaro consiga eleger governadores, senadores e deputados em estados importantes, principalmente no Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Assim como um candidato que apoiar tem totais chances de disputar o segundo turno da eleição presidencial, dado o piso de votos do bolsonarismo. O tempo e (principalmente) a economia dirão qual a chance da vitória do bolsonarismo em 2026. Isso, claro, se houver resquício de democracia até lá.

Victor Oliveira é mestre em Instituições, Organizações e Trabalho e também especialista em Marketing Político e Comunicação Eleitoral.

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