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Desvendando a inflação

Inflação terminou o ano próximo à meta do BC.
Inflação para 2020 é estimada em 2% (Foto: Marcelo Andrade/Gazeta do Povo)

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Um vídeo de 21 de setembro mostra que um quilo de contrafilé, equivalente a 2,2 libras nos Estados Unidos, custa no supermercado US$ 43,98 (aproximadamente R$ 242, ao câmbio atual de cerca de R$ 5,50 por dólar). Lá, o peso é medido em libra, que equivale a 453,6 gramas. Uma libra de contrafilé custa US$ 19,99. Por aqui, o contrafilé vale, em média, R$ 52 o quilo. Nos EUA, portanto, um quilo da iguaria custa 4,6 vezes o que pagamos no Brasil. No entanto, o custo de lá é quase o mesmo daqui, se considerarmos a paridade de moedas.

A verdade é que toda a economia mundial está sentindo, agora, os efeitos maléficos da paralisação forçada durante a pandemia do coronavírus. A inflação não medra só por aqui. Na Europa, 19 países da zona do euro registraram inflação de 3% ao ano em agosto, contra 2,2% em julho, e a expectativa é de que aumente ainda mais até novembro. A meta do Banco Central Europeu era de apenas 2%. Nos EUA, chegou-se a 4,3% ao ano em julho, refluindo para 4% em agosto. Para 2022, espera-se 5,2%. Mas por que a inflação acontece?

Eis um exemplo rudimentar: imaginemos um universo (país) no qual existam apenas cinco objetos iguais (canetas, por exemplo); que nesse país só exista R$ 1 mil em moeda circulante. Se existem cinco canetas, cada uma vale R$ 200. De repente, para combater uma pandemia, o presidente manda imprimir outros R$ 1 mil, mas não produz nenhuma outra caneta. O país, então, passa a ter R$ 2 mil em moeda circulante. Assim, num passe de mágica, cada caneta passa a valer o dobro (R$ 2 mil dividido por 5, R$ 400). Produziu-se, assim, 100% de inflação!

Verdade é que toda a economia mundial está sentindo, agora, os efeitos maléficos da paralisação forçada durante a pandemia do coronavírus.

Foi o que ocorreu durante a pandemia, no Brasil e no mundo. Só no ano de 2020, segundo o Portal Siga Brasil, mantido pelo Senado Federal, nosso país despendeu no combate aos efeitos da pandemia o total de R$ 564,14 bilhões. Só o auxílio emergencial consumiu R$ 230,78 bilhões na primeira fase (R$ 600 por pessoa), mais R$ 63 bilhões na segunda (R$ 300 por pessoa). O auxílio direto aos estados e prefeituras custou outros R$ 111,4 bilhões. Depois, vieram benefícios com saúde e manutenção do emprego, entre outros.

Entretanto, nada foi produzido a mais. Nenhuma caneta. Ao contrário, muitos setores econômicos, como hotelaria, transporte, restaurantes e comércio, foram totalmente paralisados. De onde, então, vieram esses quase R$ 600 bilhões que não faziam parte do orçamento em 2020? Parte proveio do redirecionamento de despesas; o restante, das reservas de capital ou da captação proveniente de títulos do Tesouro. O que conta, porém, é que o dinheiro entrou, mas nada foi produzido. Mais dinheiro, menos produtos, mais inflação!

Inflação alta diminui o poder de compra das pessoas, que recebem seus salários em valores estáveis, mas pagam por produtos cujos preços sobem frequentemente. Portanto, passam a comprar menos. Menos compras, menos crescimento econômico, menos empregos. O Copom, do Banco Central, tem como meta para 2021 inflação de 3,75%, com tolerância de 1,5 ponto para mais ou para menos. Mas já se fala em 8%. Esperemos que, não obstante, a solidez e estabilidade do nosso mercado imobiliário resistam a mais essa intempérie!

João Teodoro, graduado em Direito e Ciências Matemáticas, é empresário no mercado da construção civil em Curitiba epresidente do Sistema Cofeci Creci.

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