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No Evangelho de hoje Jesus começa, dirigindo uma exortação aos seus discípulos: "Não temas, pequeno rebanho, porque foi do agrado do vosso Pai dar-vos o reino" (Lc 12, 32). Eles sentem medo. Sabem que são poucos e fracos, diante de um mundo hostil. Estão assustados porque o mal é poderoso, canta vitórias por todos os cantos, parece irresistível e se sentem frágeis e sem condições de se opor. O Reino de Deus – lhes garante Jesus – virá com certeza, porque não é obra do homem, mas é um dom de Deus. Depois, entra diretamente no assunto e reponde à primeira pergunta. Como se pode "ser ricos diante de Deus"? É muito simples, responde Jesus – afirma: "vendei o que possuís e dai esmolas". "Quem dá aos pobres, empresta a Deus". É verdade, quem acumula para si, verá os seus bens corroídos pelas traças ou divididos entre herdeiros que os dissiparão e nem se lembrarão de quem os produziu, (cf. Lc 12, 33-34).

Para ensinar sobre esse assunto Jesus conta três parábolas: A primeira: Um senhor viaja para ir a uma festa de casamento e deixa em casa os seus empregados. Eles sabem que o patrão voltará, mas não sabem quando: poderia ser durante a noite, ou antes, do amanhecer e eles devem estar a postos para recebê-lo. A vida dos discípulos é, portanto, uma espera vigilante, uma permanente disponibilidade para o serviço. Mas quando virá o Senhor? Ele poderá chegar a qualquer hora. É ele que bate à porta sempre que um irmão precisa de nós e nos pede socorro. (cf. Lc. 12, 35-38).

A segunda: se alguém tem em sua casa uma grande quantia de dinheiro, não se afasta sossegado porque sabe que o ladrão não avisa, chega de repente. Qual é o sentido desta parábola? É verdade que nós encontraremos o Senhor no fim de nossas vidas. Aquela será, sem dúvida, a mais importante de sua vinda e é necessário que nos encontre preparados, se observarmos atentamente, porém,  a morte não chega como um ladrão. Em geral envia alguns avisos, é precedida por alguns sinais bem claros, como a velhice, a doença, as dores.

Há, porém, outras vindas do Senhor que acontecem de repente, como as dos ladrões e que podem nos pegar de surpresa. Para podermos entender melhor, perguntemos a nós mesmos: onde é que Ele não chegou ainda? Com certeza onde há guerras, onde há ódios, destruição, fome, miséria, vinganças. Como faz o ladrão, ele espera o momento mais conveniente, não para roubar, é evidente, mas para salvar e é preciso estar de prontidão para recebê-lo para que sua vinda não seja em vão. Às vezes nós desabafamos: neste mundo nunca mudará nada, na nossa comunidade sempre haverá discórdias, não conseguiremos vencer certos hábitos. Estas afirmações não passam de uma desculpa fácil para encobrir a falta de vigilância, a falta de esforço, para podermos continuar em nossa sonolência. (cf. Lc 12, 39-40).

A terceira: constitui a resposta de Jesus a Pedro, que lhe pergunta quem deve manter-se vigilante. Todos, respondem o Mestre devem vigiar, sobretudo, aqueles que na comunidade são os responsáveis por algum ministério. Há, explica Ele, dois tipos de administradores: um fiel e prudente, o outro negligente e arrogante. Qual é a tarefa que lhes foi designada? O Senhor os estabeleceu sobre os seus operários "para lhes dar a seu tempo a sua medida de trigo". Portanto, não lhes deu autoridade para dominar, mas para servir. (cf. Lc 12, 41-48).

Os dirigentes das nossas comunidades façam um sério exame de consciência e verifiquem que tipos de administradores são: agem como servos ou como senhores? São vigilantes ou estão dormindo e permitindo que a comunidade se arraste de qualquer maneira, sem entusiasmo, sem vida, sem interesse pelo Senhor que está chegando?

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