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opinião do dia 2

Dia da saúde marcado com sangue

"Nunca antes na história desse país". A frase é conhecida, pois foi transformada em bordão de governo, mote de gestão no Executivo federal e parece apropriada para o dia de quinta-feira, 7 de abril. O dia marcou com sangue a história do País.

O dia 7 de abril, significativamente explicando, é a data da efeméride do Dia Mundial da Saúde, criado em 1948 pela ONU. A data é referenciada para enfatizar os cuidados e a importância da saúde como bem a ser preservado pela raça humana, um presente único, divino e singular.

Curiosamente neste ano, a data aqui no Brasil serviu para uma série de manifestações em torno dos honorários médicos em confronto com as operadoras de planos de saúde. O dia foi alcunhado como de paralisação ao atendimento dos pacientes com planos de saúde. Mais do que a polêmica entre os profissionais da saúde e os gestores da mesma nas operadoras de planos, o dia serviu para carimbar o país no seleto e desgraçado grupo dos que já tiveram o infeliz momento de enterrar jovens vitimados por uma ação mais que bestial em uma escola em uma instituição de ensino. A saúde a ser preservada deu lugar a cessação da vida de "brasileirinhos" e "brasileirinhas", como os denominou emocionadamente a chefe maior da Nação.

O curioso mês de abril, de lembrança tétrica para os alunos e alunas de Columbine, nos Estados Unidos, que viram um ataque sem precedentes no dia 20 de abril de 1999, quando dois estudantes, Eric Harris e Dylan Klebold, mataram impiedosamente 13 pessoas e depois se mataram.

Esse curioso momento do tempo, abril, permitiu também ao mundo – após 8 anos do incidente em Columbine – presenciar o pior ataque a uma escola, a uma instituição de ensino superior Virginia Tech, também nos Estados Unidos, num 16 de abril de 2007, quando o estudante sul-coreano Cho Seung-hui matou covardemente 32 pessoas e depois se matou.

O mesmo mês de abril agora vê, no Brasil, um desqualificado – em todos os sentidos possíveis da palavra – matar 12 figuras humanas e para cumprir o enredo maldito, matar-se. Crianças que deixaram as suas casas no amanhecer do dia 7 de abril para estudar, para incorporar aprendizado às suas vidas, porque é essencial ampliar os horizontes do saber tão propalado, tão exigido pelos pais e responsáveis. Mal sabiam as queridas pessoas que em seu caminho haveria um atirador covarde, um obstáculo intransponível em seu caminho que brutalmente se direito a qualquer defesa lhes extirpou a vida justamente no Dia Mundial da Saúde, uma ironia macabra, descabida e tão chocante.

Que triste dia que enluta a educação, que fere os mais profundos princípios de uma instituição do saber, a vigilância contínua pelo desenvolvimento intelectual que inibe e coíbe a vitória por intermédio da violência. O mal-amado Wellington Menezes de Oliveira destilou seu rancor para com a existência em várias crianças.

Esse jovem equivocado feriu o País com suas "balas", essa figura desmembrada do senso de humanidade marcou a todos com seus disparos, machucou um país que sediará a Copa do Mundo em 2014, os Jogos Olímpicos em 2016, mas que precisa antes de qualquer outra meta, ajudar, amparar, socorrer a educação para que esse episódio seja o único na história do Brasil.

Os mais sinceros sentimentos aos familiares das vítimas que só encontrarão consolo nos braços de Deus e nas ações, até agora pífias, de boa parte dos nossos governantes, que precisam refletir sobre o que aconteceu e salvaguardar com a maior prioridade possível a educação. Fora demagogia retórica em situações como essa, é preciso nos Legislativos do País propostas que permitam às escolas o fiel cumprimento da sua premissa existencial, educar para um país melhor.

Marlus Humberto Geronasso, professor, é mestre em Educação pela Universidade Federal do Paraná.

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