Em 29 de novembro de 1977, as Nações Unidas decretaram o Dia Mundial de Solidariedade ao Povo Palestino. A escolha da data coincide com a aprovação da resolução 181 referente à Partição do Mandato Britânico da Palestina em dois Estados distintos, um judeu e outro árabe. Para realmente avaliar a designação deste dia, devemos analisar o contexto em que foi decretado. Primeiramente dizer que é estranho que a mesma Assembleia que concretizou o sionismo, decidindo pela criação do Estado Judeu e de um estado palestino, em 1947, decretou no ano 1975 à absurda equiparação entre sionismo e racismo.
Daquele momento para cá, pouca coisa mudou na Assembleia Geral em relação a apresentar Israel como quase totalmente responsável pelo passado e presente do povo palestino. Basta dizer que na última sessão (2021-2022) foram emitidas 14 resoluções condenando Israel, e apenas 4 em relação a graves violações dos direitos humanos em outros países do mundo. Os exemplos são abundantes e incluem países como China, Venezuela, Síria e Arábia Saudita.
Devemos realmente nos solidarizar com o povo palestino que é constantemente submetido pela sua liderança a uma educação baseada no ódio ao Estado de Israel e aos judeus.
Quando são analisadas as razões da atual situação do povo palestino é quase nula a crítica à liderança palestina a qual nunca aceitou a existência do Estado de Israel. No ano de 1948 quando Israel proclamava sua independência, ao invés dos palestinos proclamarem a sua também na área designada a eles pelas Nações Unidas, preferiram se juntar a 7 países árabes para destruir Israel. Israel, ao contrário de todas as expectativas, acabou vencendo a guerra, e hoje o povo palestino vive sob o domínio ditatorial do Hamas em Gaza e da Autoridade Palestina na Cisjordânia, em áreas menores do que as propostas pela ONU em 1947 e aceita por Israel na época.
Citando o espírito de que os dias de solidariedade das Nações Unidas devem constituir, "os dias internacionais servem para disponibilizar informações sobre questões de interesse ao público em geral, mobilizar vontade política e recursos para abordar questões globais e celebrar e reforçar as conquistas da humanidade”, estaria na hora de a comunidade internacional se concentrar nos problemas internos que afligem os palestinos que, a meu ver, são os principais obstáculos para a solução de seus problemas.
Seria interessante analisar quantos dos fóruns que acontecem no contexto deste dia de solidariedade tratam da corrupção dentro da liderança palestina que usufrui de milhões de dólares em doações da comunidade internacional para seu próprio enriquecimento, ou quantos milhões destinam-se a financiar estruturas e organizações terroristas e pagar milhares de dólares às famílias daqueles terroristas que assassinam civis israelenses.
Devemos realmente nos solidarizar com o povo palestino que é constantemente submetido pela sua liderança a uma educação baseada no ódio ao Estado de Israel e aos judeus. Um capítulo à parte mereceria o jugo com que o Hamas submete baixo um regime islamista radical quase 2 milhões de palestinos na Faixa de Gaza. Devemos entender que a solidariedade com esse povo envolve a crítica a muitas pautas culturais que tendem a perpetuar o conflito, como promover o martírio ou celebrar com doces a morte de civis israelenses.
Por fim, uma das grandes questões que devemos nos perguntar é porque não há um dia de solidariedade com as vítimas israelenses do terror palestino? Mulheres, homens, idosos e crianças assassinados a sangue frio pelo simples desejo de viver em sua terra. O fato de ter um Estado invalida a condição de vítimas de civis israelenses do terrorismo palestino? Em resumo, ser solidário com uma causa é estar comprometido com a verdade e a honestidade. Sem uma crítica justa, continuaremos a perpetuar o drama do povo palestino e a guerra no Oriente Médio.
Daniel Osowicki é mestre em História e professor da Organização StandWithUs Brasil.
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