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O Brasil apresenta um histórico de inflação elevada (em março de 1990, o IPCA registrava alta de 82,39% no mês) e de mudanças de moedas, contando ainda com um confisco da poupança: era uma época em que havia “urgência” para as compras do mês tão logo se recebia o salário e em que as pessoas realizavam operações financeiras overnight, aplicando o dinheiro durante a noite para prevenir a perda de poder aquisitivo de um dia para o outro.
Por um lado, aquela instabilidade exigiu o desenvolvimento de um sistema financeiro que provavelmente é o mais avançado do mundo, criado a partir do enorme volume de aplicações em curtíssimo prazo, no qual se insere o PIX, meio de pagamento mais utilizado no Brasil em 2022. O PIX também representa um amplo ecossistema de inovação, com programas em desenvolvimento pelo próprio Banco Central, como o Real Digital e o Lift Lab, além do desenvolvimento das fintechs – que compreendem 1.290 startups ativas no Brasil.
Por outro lado, ainda que a instabilidade monetária tenha sido deixada para trás com o Plano Real, a memória dos seus efeitos funestos persiste em boa parte da população, como também uma cultura de juros altos: parece-nos normal fazer o financiamento de um automóvel com taxas de 1,5%, 2% ou 2,5% ao mês (praticamente 35% ao ano!), ou buscar investimentos em renda fixa com retornos da ordem de 10%, 11% ou 12% ao ano ‒ valores extremamente altos quando comparados com os de países desenvolvidos, que mesmo neste momento de elevação global de taxas ficam com algo entre 3% e 5%.
Um efeito prático da cultura de juros altos é a dominância dos títulos do Tesouro Nacional que remuneram os investidores pela taxa básica Selic (chamados de Tesouro Selic), que correspondem a 40% dos papéis da dívida do governo federal: investimos como pessoas físicas no Tesouro Selic porque sabemos que os juros são e serão altos, sabemos que a remuneração será compensatória. Da mesma forma, uma infinidade de instrumentos financeiros é associada ao DI (que funciona praticamente da mesma forma que a Selic), sendo muito comum a busca por aplicações cujo rendimento é expresso por um percentual do DI: 95%, 100% ou 105% do DI.
Diante desse contexto, precisamos realizar empréstimos e investimentos contando com inúmeros produtos bancários (poupança, fundos de investimento, CDBs, debêntures, ações, planos de previdência...), mercados futuros de câmbio e commodities, além de criptoativos e outras inovações.
No entanto, investir em criptoativos pode se traduzir num esquema de fraude e pirâmide financeira, as ações podem resultar em perdas significativas pelo comportamento especulativo do investidor ou fraude da empresa. Já as debêntures, por sua vez, não são contempladas pelo Fundo Garantidor de Crédito. E até mesmo a renda fixa representa grandes riscos, muitas vezes trazendo perdas a investidores com pouco conhecimento do produto – não é de se espantar que a poupança seja ainda o investimento mais utilizado pelos brasileiros, pela sua simplicidade.
Diante dessa complexidade, como fazer para encontrar a melhor estratégia de investimento? Uma solução é buscar uma gestão profissional, em bancos e corretoras, com um profissional habilitado e de confiança, com boa formação, capaz de entender os altos e baixos da economia para orientar sobre estratégias e planejamento. É altamente recomendável estudar e compreender os diferentes produtos disponíveis no mercado. Também é recomendável acompanhar e analisar os movimentos macro e microeconômicos do Brasil e do mundo, que podem afetar diretamente os resultados dos investimentos.
Nacib Mattar é graduado em Matemática, mestre em Informática e especialista em Mercado Financeiro pela FAE Centro Universitário.
Conteúdo editado por: Jocelaine Santos