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Com a longevidade da população não há projeto de saúde viável porque com o aumento da idade populacional os custos serão insustentáveis

As promessas para agradar a população por parte dos políticos são mirabolantes, inconsistentes e falsas, em sua maioria. Não será construindo hospitais, utilizando a tecnologia atual para diagnóstico e terapêutica, revisando o sistema SUS ou ampliando o atendimento pela medicina suplementar, ou ainda apenas aumentando orçamentos, que a solução para a saúde será encontrada.

O que é preciso é criar um novo modelo de assistência médica.

Esse modelo terá de incluir a participação da população que basicamente será responsável pela sua execução, desde a utilização adequada do sistema, seu controle de qualidade e participação nos custos segundo as possibilidades individuais – uma medida que nenhum político tem a coragem de admitir.

Na verdade quem é o único interessado na sua saúde? Claramente é o indivíduo, ninguém mais. A simples mudança de formas de pagamento não resolverá o problema, Ele começa nas escolas com profissionais mal formados, falta de vagas para residência médica, direção vocacional insatisfatória.

A saúde é o bem maior do cidadão e sem ela não há qualidade de vida. Prevenir é a melhor forma de tratamento. A prevenção das doenças cardíacas, das decorrentes da obesidade, das consequências do diabete e tantas outras são decisivas. Com a longevidade da população não há projeto de saúde viável porque com o aumento da idade populacional os custos serão insustentáveis.

Para o barateamento dos custos da saúde, os profissionais da área terão de ser remunerados segundo a sua capacidade para que seus honorários sejam justos, para que não se procure complementação via participação financeira, seja em materiais de alto custo, ou na solicitação de exames, para que a decisão de uma intervenção ou tratamento seja do interesse exclusivo dos pacientes.

Construir novos hospitais, sobretudo públicos, é ótimo para inaugurações, mas tem prazo certo de inviabilidade e neste caso o sistema salarial impede a contratação de profissionais experientes, qualificados. Dizer que os postos de saúde nos próximos governos serão resolutivos é falácia pura. Preencher os hospitais com equipamentos de alta tecnologia será nada resolutivo, pois faltarão os profissionais.

Se medidas, como as enunciadas, não forem entendidas, devemos esperar a próxima eleição para que novas soluções sejam apresentadas.

Certamente que propostas para melhorar a saúde existem, como a Emenda 29, paralisada no Congresso, que se efetivada aumentará o orçamento do setor, mas que sozinha não alterará o sistema, embora seja necessária. As coisas são simples: economizar para remunerar melhor os profissionais e entidades prestadoras de serviço, controle de utilização e de qualidade pelos próprios pacientes e mudança de cultura dos profissionais, com a sua seleção desde os bancos universitários. Medicina é isso: é vocação para uma profissão em quem se defende o bem máximo, a saúde.

Marcial Carlos Ribeiro, instituidor da Fundação de Estudos das Doenças do Fígado, (Funef), ex-presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia, é comendador da Ordem do Médico Nacional pela Presidência da República.

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