
As doenças classificadas como endêmicas, dentre elas a dengue, estão presentes em todos os países do mundo, cada uma com suas particularidades regionais. Dentro desse contexto, a formação acadêmica dos profissionais que atuam na linha de frente do atendimento, como enfermeiros e técnicos, é fundamental para garantir a proteção da saúde dos cidadãos.
Por isso, manter uma matriz curricular que reserve espaço para o aprendizado dinâmico sobre doenças endêmicas e sazonais é essencial, para que os alunos das faculdades, futuros profissionais, possam encaminhar adequadamente os casos quando se depararem com situações dessa natureza.
Se os alunos de enfermagem passarem por esses processos de formação, certamente estarão capacitados para oferecer um suporte adequado aos cidadãos que procuram unidades de saúde
No Paraná, por exemplo, estamos vivendo um momento delicado com a escalada da dengue, doença tida como endêmica em nosso estado. Entre 2023 e 2024, foi registrado o maior número de casos documentados até então, com 958.987 notificações de dengue, 658.190 casos prováveis e 742 óbitos. No atual período epidemiológico de 2024/2025, iniciado em julho de 2024, entre as semanas epidemiológicas 31 e 49, já foram registradas 42.325 notificações, com 15 mil casos prováveis. Esses dados constam no Informe Epidemiológico nº 17, publicado em dezembro do último ano.
Esses números são preocupantes. Até mesmo regiões consideradas mais frias, como Curitiba e cidades vizinhas, agora convivem com a doença e precisam aprender a lidar com ela, para não se tornarem vítimas. Por isso, é preciso constantemente aprimorar as atividades voltadas para doenças regionais com nossos alunos de enfermagem e demais cursos da área de saúde, para garantir que estejam preparados para atuar em contextos desafiadores, como o enfrentamento da dengue. Em sala de aula, incentivamos os estudantes a realizarem o diagnóstico precoce, implementar as medidas de cuidado e tratamento conforme as diretrizes do Conselho Federal de Enfermagem – Cofen, e a lidar com situações extremas de alta demanda.
Esse processo contribui para a construção da autoconfiança dos alunos, que, em breve, se depararão com essas situações nas unidades de saúde onde aplicarão seus conhecimentos. Além disso, é importante sensibilizar os alunos para que compreendam que as doenças endêmicas devem ser discutidas com a comunidade, com foco na ideia de que todos somos responsáveis por barrar o crescimento dos casos. No ambiente acadêmico, trabalhamos a forma como o aluno/profissional passará essas orientações práticas aos cidadãos, participando de campanhas em escolas, liderando mutirões de limpeza e outras atividades. O objetivo é sempre o mesmo: se não houver o mosquito, não haverá a dengue.
O ponto alto da formação é ajudar os alunos a identificarem os sintomas que indicam a suspeita de dengue. Febre, náuseas, vômitos, dores no corpo, dores articulares e dor atrás dos olhos, especialmente em áreas endêmicas, são sugestivos de que a doença pode ter acometido o paciente. A confirmação, é claro, é feita por meio do teste do laço e exames laboratoriais. O aluno também precisa entender que os pacientes com essa doença são divididos em diferentes grupos, que merecem atenção especial, como gestantes, idosos e pessoas com comorbidades.
Se os alunos de enfermagem passarem por esses processos de formação, certamente estarão capacitados para oferecer um suporte adequado aos cidadãos que procuram unidades de saúde, agilizando o atendimento e a busca pelo diagnóstico assertivo, contribuindo, assim, para a qualidade de vida de todos.
Giovana Fratin é coordenadora do Curso de Enfermagem do Centro Universitário FAPI e diretora estadual de Atenção às Urgências SESA PR.
Lula mobiliza ministros para tentar conter crise deflagrada por fraude bilionária no INSS
PF investiga desvio de R$ 6,3 bi no INSS e presidente é afastado; acompanhe o Entrelinhas
Moraes manda intimar Bolsonaro no hospital sobre abertura de ação penal após live do ex-presidente
Do comunismo à ideologia de gênero: os grandes embates dos últimos papas