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Djokovic: odiado pela militância e exemplo de perseverança e liberdade

Novak Djokovic, da Sérvia, posa com a Coupe des Mousquetaires após vencer a final masculina do torneio de tênis Roalnd Garros Aberto da França, na Pont de Bir-Hakeim, perto da Torre Eiffel, em Paris, França, 12 de junho de 2023. (Foto: EFE/EPA/Mohammed Badra)

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Novak Djokovic, Djoko ou simplesmente Nole, é um homem que deveria servir de exemplo para muitas gerações. O tenista sérvio acaba de vencer, pela terceira vez em sua carreira, o torneio de Roland Garros, em Paris. A disputa é um dos quatro Grand Slams, campeonatos anuais mais importantes do circuito de tênis profissional, ao lado do Australian Open (Melbourne), Wimbledon (Londres) e US Open (Nova Iorque).

Nole já conquistou, em 2023, o Australian Open e agora, segue para tentar vencer os dois Grand Slams do segundo semestre (Wimbledon e US Open), para tornar-se o segundo jogador da história a vencer os quatro campeonatos em apenas um ano, ao lado de Rod Laver, no longínquo ano de 1969. Entretanto, a conquista recente já registrou o nome de Djokovic na história. O tenista conquistou o seu 23º título de Grand Slam, ultrapassando Rafael Nadal, e tornando-se o maior ganhador de todos os tempos.

Novak colocou o amor por sua família em primeiro lugar e venceu todo o resto por causa disso.

Para fãs, admiradores e amantes da liberdade, um momento mágico. Para os haters do tenista, progressistas e revolucionários, um pesadelo. Apesar de todo o sucesso, Djokovic passou a ser odiado nos últimos anos por sua postura em relação à vacinação contra a Covid-19, ao defender o direito de escolha do indivíduo. Como ele, outros atletas famosos tiveram a mesma postura durante a pandemia. Entretanto, casos como o de Aaron Rodgers, jogador de futebol americano e Kyrie Irving, jogador de basquete, não tiveram a mesma repercussão, por atuarem em ligas exclusivas nos Estados Unidos, onde o público mais nichado, impediu uma repercussão mundial dos seus casos.

Com Nole foi diferente. Em janeiro de 2022, o tenista foi deportado da Austrália e proibido de jogar o campeonato daquele ano, por exigência de vacinação. O mesmo aconteceu nos Estados Unidos, quando o atleta deixou de participar do US Open pelo mesmo motivo, e até hoje, enfrenta dificuldades para acessar às competições no país. Além disso, o esportista se viu ameaçado de não jogar o torneio de Roland Garros, em 2022 e de perder o seu principal patrocinador, a Lacoste.

Até o momento, o jogador deixou de participar de oito torneios (Australian Open 2022, Indian Wells 2022, Miami 2022, Montreal 2022, Cincinnati 2022, US Open 2022, Indian Wells 2023 e Miami 2023), deixando de auferir cerca de 11 milhões de dólares, além de haver perdido pontos importantes no ranking da ATP (Associationof Tennis Professionals), que o fizeram despencar na classificação.

Mas Djoko voltou ao topo do ranking da ATP, quebrou o recorde de vitórias em Grand Slams (23), embolsou a bagatela de 2,3 milhões de euros e, para terror da militância, proferiu o discurso da vitória baseado na importância da família (que estava na plateia) e deixou uma mensagem às novas gerações sobre a importância das escolhas que se fazem ao longo da vida.

Não nos importa se as redações de jornais estiverem lotadas de “mas” e “poréns” acerca do multicampeão. Nenhuma ressalva ofuscará o brilho daquele que possui tantas virtudes para nos ensinar, como a perseverança, pois aos 36 anos, ocaso para a maioria dos atletas profissionais, continua fazendo aquilo que mais ama, jogar tênis; a disciplina, ama vez que, ao desfilar boa saúde, mostra o cuidado que tem com seu corpo, que vai desde regular a temperatura da água que bebe, até evitar a injeção de substâncias experimentais; fortaleza  de resistir aos assédios e falsas imputações a si durante a pandemia e ao ter aberto mão de fazer o que mais ama, além de deixar de ganhar quantias milionárias para defender os seus princípios; humildade por não se importar em deixar de ser o número 1 do mundo naquilo que faz, para dar um exemplo sobre liberdade; e racionalidade ao manter a razão em um mundo apavorado e carente de pensamento crítico.

Nole não se deixou dominar pelo cansaço da idade, pelo medo da pandemia, pela paixão pelo jogo, pela avareza do dinheiro ou pelo orgulho de ser o primeiro do ranking. Novak colocou o amor por sua família em primeiro lugar e venceu todo o resto por causa disso.

Ezequiel Silveira é advogado e membro do Instituto Brasileiro de Direito e Religião (IBDR).

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