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É imperioso acelerar o ritmo da vacinação no Paraná

Ampliação da vacinação é um dos fatores que pode dar mais dinamismo à economia. (Foto: Geraldo Bubniak/AEN)

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Desde dezembro, com o início da vacinação no mundo e a aplicação da primeira dose, na Inglaterra, o Brasil ansiava pelo seu início no SUS. Superadas querelas patéticas políticas sobre o “dono” da vacina, temos hoje vacinas distribuídas país afora. No Paraná, desde 21 de janeiro há vacinas em todos os 399 municípios. Um primeiro lote de 265 mil doses de Coronavac foi recebido em 20 de janeiro. Outro, de 86,5 mil doses de AstraZeneca, em 25 de janeiro; e mais outro, de 39 mil doses, nesta sexta-feira, dia 29 de janeiro.

Considerando que a AstraZeneca foi totalmente distribuída e aplicou-se metade da Coronavac, por causa de reserva para segunda dose em até quatro semanas da primeira dose, há vacinas no Paraná para cobrir até 240 mil pessoas aproximadamente. Na manhã desta segunda-feira, dia 1.º de fevereiro, havia 150.434 pessoas vacinadas em todo o estado. O município de Curitiba acompanha a lentidão. Neste domingo, dia 31 de janeiro, o vacinômetro local registrava 23.692 doses aplicadas para um total de 40.290 recebidas, desconsiderando novo lote – 11.180 doses – repassado na última sexta-feira.

Sim, o Paraná está vacinando de modo aquém do esperado e do possível. Certo que está dentro da média do país, o que não é um consolo, pois, retirando honrosas exceções, o país não está à altura de momentos em que já vacinou 18 milhões de crianças contra a pólio num único dia, ou vacinar 80 milhões de pessoas contra a gripe H1N1 em três meses.

Algo precisa ser feito para mudar essa realidade rapidamente. Estamos lidando com mortes em números ainda absurdos, com UTIs lotadas. A vacina possui eficácia de 100% para evitar casos graves e hospitalizações.

Israel, com população equivalente a metade do Paraná, anda rapidamente e já derrubou as hospitalizações em 60%. É isso que que se deve perseguir nesses primeiros momentos da vacinação. A imunidade geral da população, contendo efetivamente o vírus, será lá pelo fim do ano. Mas o primeiro e imediato efeito é proteger a população mais vulnerável e conter os casos graves o mais rapidamente possível. Retirar o sufoco dos hospitais e conter em definitivo as mortes.

A Sesa e as secretarias municipais de Saúde precisam urgentemente identificar as causas dessa lentidão. Seguramente, a enorme pulverização das vacinas pelos 399 municípios é uma delas, casada com a restrição da aplicação à população prioritária. Há possibilidades para superar esses gargalos e manter a lógica correta de priorização, ao mesmo tempo com importante controle para se evitar os riscos de fura-filas.

O atual grupo prioritário são os profissionais de saúde e idosos institucionalizados. Há 25 municípios no Paraná que têm ao menos 2 mil profissionais de saúde e que, ao todo, concentram 200 mil profissionais de saúde, ou seja, quase 70% do total do estado. Certamente são as cidades em que estão também os principais hospitais do estado. Será que não devem ser “priorizados dentro da prioridade”? Nesses 25 municípios, além da vacina dentro dos hospitais, abrir as salas de vacinação para ida direta dos profissionais, com suas respectivas carteiras profissionais.

Pensando no próximo grupo, é preciso programar logo a população idosa, por faixas e nas salas de vacinação, drive-thru e mesmo domiciliares para aquelas pessoas impossibilitadas.

Não estamos afirmando ser esta a fórmula, pois a mesma, qualquer que seja, precisa ser adequadamente pactuada, mas é fato que algo precisa ser feito para acelerar a vacinação. Não podemos ter vacina estocada, esperando para ser aplicada. Vacina precisa ser aplicada em regime de plantão, de domingo a domingo e com horário estendido. É preciso dar transparência à sua aplicação, diariamente, mostrando os números cidade a cidade, com as vacinas recebidas e as doses aplicadas.

Sobre doses guardadas ainda na Sesa para a segunda dose da Coronavac, é preciso cobrar fluxo efetivo de novas doses do Ministério da Saúde e do Butantan, de modo a ser liberado sempre que novo lote seja programado à frente. Isto é, lotes de Coronavac estocados podem, sim, ser liberados antes da segunda dose, sempre em fluxo articulado com entregas à frente programadas. Vacina estocada deve ser a mínima.

De outro lado, muito em breve – em meados de fevereiro, assim esperamos – haverá fluxo continuado tanto de Coronavac/Butantan quanto de AstraZeneca/Fiocruz no país. Deveremos chegar ao momento de superação da escassez que vemos hoje. Mas não é preciso esperar tanto. Cada pessoa vacinada hoje é risco controlado em poucos dias de novas hospitalizações, bastando o tempo da geração da resposta imune individual.

O estado do Paraná é o estado que mais testes RT/PCR fez no país e foi exemplo destacado. Na vacinação seria razoável ser igual exemplo.

Pedro Ribeiro Barbosa é diretor-presidente do Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP).

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