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Opinião do dia 2

É Natal. O que ensinamos às crianças?

A verdadeira mensagem de Natal foi traduzida na existência de Cristo através do amor, da bondade, da caridade, da solidariedade e da paz. Mas hoje, mesmo com a crise econômica, temos lojas lotadas, shoppings e ruas de comércio popular onde mal se consegue andar. Temos ceias fartas. Mas e aqueles que não têm o que comer? Na mídia vemos bonecas que falam, carrinhos controlados por controle remoto, videogames com fantásticos efeitos, roupas de grife, tênis importados... Tudo ali, diante dos olhos de nossas meninas e meninos, criando ilusões e estimulando a necessidade cada vez maior de comprar e comprar.

Mas será que é esse o espírito de Natal que queremos que nossas crianças e adolescentes conheçam? Por que será que nos envolvemos nessa agitação febril? Quantas crianças sabem ao certo o que significa essa data que celebramos com a entrega de presentes e com a organização de uma grande ceia? Que sentimentos estamos alimentando em relação aos motivos que nos levam a comemorar o nascimento de Cristo?

Árvores e presentes para todos devem ser mais do que propostas, muito mais que sonhos. Não há demérito algum em comprar presentes para as crianças ou para amigos e parentes. Não devemos nos sentir culpados por gastar o dinheiro que ganhamos ao longo do ano, com muito suor, para dar um brinquedo ou uma roupa às pessoas pelas quais temos carinho e afeição. A questão não é essa.

Temos de relembrar a todo o momento que a festa de Natal está relacionada ao nascimento do Menino Jesus. Na prática, significa restabelecer um elo entre o nosso mundo, as nossas crenças, a nossa filosofia e as idéias e pregações de Cristo e seus apóstolos, bases que sedimentam a civilização ocidental e que garantem a sua sobrevivência.

Natal é, verdadeiramente, tempo de paz e de amor. Época do ano em que devemos ir além daquilo que realizamos durante os outros meses em termos de solidariedade pelo próximo.

"Estender a mão" não é apenas uma metáfora. "Dar a quem tem fome" não é somente um refrão.

Devemos ainda celebrar o Natal com as pessoas que amamos e respeitamos, pedir perdão pelos erros e desentendimentos. O nascimento de Cristo é época de comunhão e entendimento, propícia para rever os amigos e parentes, celebrar a amizade, o respeito e o amor que sentimos uns pelos outros. É hora de enterrar as desavenças e os desentendimentos em favor da tolerância e da união. É o período do ano mais adequado para lavar a alma, levantar a poeira e dar a volta por cima. É tempo de recomeçar!

Na última década e meia, surgiram de forma espontânea no Brasil grupos que se prontificaram a ajudar de forma concreta os setores menos favorecidos de suas comunidades. São pessoas que se organizaram para coletar alimentos e distribuir cestas básicas, arrecadar e doar brinquedos, providenciar abrigo e roupas, dar atenção e distribuir bondade. Não querem apenas dar algo material, pretendem alimentar o espírito de Natal a partir de ações em que não pedem nada em troca.

É importante estimule a solidariedade, mas também perceber que o Natal é uma época de compreensão, paz e união. É preciso ver em todos os símbolos do Natal (mesmo no caso do Papai Noel) a oportunidade de realizar as mensagens de Jesus Cristo.

A correria do dia-a-dia, os afazeres profissionais e domésticos, as preocupações com contas a pagar, compromissos dos filhos e tantas responsabilidades nos tiram, ao longo do ano, a possibilidade de ter esse momento de desfrutar da companhia de nossos pais, avós, tios, sobrinhos, irmãos. Para os que ficaram preocupados com a caprichada refeição da noite de Natal, vale lembrar que a comida é apenas um grande pretexto para unir, numa mesma mesa, parentes e amigos – prática que remonta à idéia da Santa Ceia.

O espírito de Natal pede maior participação e atuação no âmbito social. É preciso, de alguma forma, ajudar alguém que realmente precisava de auxílio. O Natal, data do nascimento de Cristo, é a ocasião perfeita para nos lembrarmos disso. E que essa disposição permaneça ao longo de todos os outros meses, para que possamos fazer um amanhã melhor, mais justo e digno para muitas e muitas pessoas.

João Luís Almeida Machado, professor, pesquisador e editor do Portal Planeta Educação (www.planetaeducacao.com.br), é mestre em Educação, Arte e História da Cultura. É autor de "Na Sala de Aula com a Sétima Arte - Aprendendo com o Cinema".

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