Foi no dia 1.º de abril de 1964 – sim, isso mesmo, no dia "da mentira" e do golpe militar brasileiro – que se iniciou o curso de Jornalismo da Universidade Federal do Paraná. Só por ter nascido numa data, digamos, no mínimo histórica já mereceria uma reflexão a respeito. Mas o que proponho aqui é uma breve (pois jornalismo se faz com caracteres previamente determinados!) análise sobre a formação do jornalista para o século 21.

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Na década de 1960, quando o curso de Jornalismo da UFPR foi criado, havia o que o professor José Marques de Melo chama de "beletrismo" influenciando a noção do que era, à época, um bom jornalista: alguém com grande repertório cultural e domínio das ciências humanas e da língua portuguesa. Depois disso, passou-se à era das tecnologias: o jornalista deveria dominar as novas linguagens – no caso, a audiovisual – e os cursos deveriam ter bons laboratórios. Até que se chegou à era da conectividade, na qual qualquer um pode transmitir informações de qualquer lugar, com equipamentos cada vez menores e mais eficientes.

Em cinco décadas esse mesmo curso passou por uma série de mudanças. Do ponto de vista administrativo, pertenceu ao Departamento de Ciências Socias (Deciso), ao Departamento de Comunicação e Turismo (Decomtur) e se transformou no Departamento de Comunicação (Decom), que em breve, por determinação das Novas Diretrizes Curriculares, terá o curso de Comunicação Social transformado em três cursos autônomos: Jornalismo, Publicidade e Propaganda e Relações Públicas. Saiu do Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes e agora está no recentíssimo Setor de Comunicação, Artes e Design (Sacode).

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Para além da academia, o jornalismo mudou, a sociedade mudou, os meios de comunicação mudaram. O que exatamente quer dizer o termo "jornalista" em uma realidade na qual qualquer indivíduo portando um celular pode captar e transmitir uma informação? O que se espera hoje desse profissional jornalista? "É necessário um curso de graduação para formá-lo?", já se interrogava a revista francesa Mediamorphose em 2008, ao dedicar um número exclusivo a esse debate, com relatos de vários países.

É nesse turbilhão de incertezas, mas também de reflexões administrativas, epistemológicas, profissionais e acadêmicas que festejamos os 50 anos do curso de Jornalismo da UFPR. Por aqui passaram os principais nomes da imprensa paranaense e, por que não dizer, brasileira. Formamos jornalistas, escritores, professores, pesquisadores, profissionais da área. Não obstante, sofremos logo no início do ano um "puxão de orelhas" do Ministério da Educação, fruto das mudanças positivas pelas quais passa todo o ensino superior brasileiro. E novas mudanças virão com a implantação das Novas Diretrizes Curriculares aprovadas para a área.

Internamente, o curso se reorganiza, chegam novos professores, chegam alunos com novas habilidades e competências, há uma abertura para convênios e acordos internacionais, como o firmado com a Universidade de Lyon II sobre Novas Práticas Jornalísticas. Tem um programa de pós-graduação desde 2010, formando mestres e novos pesquisadores da área, alguns já premiados.

Como o jornalismo e a sociedade, a formação do profissional jornalista na UFPR está mudando. Por necessidade, consciência e responsabilidade. Nada mais apropriado para comemorar os 50 anos que olhar para frente, sem esquecer as experiências e lições vivenciadas no decorrer da sua própria história.

Rosa Maria Cardoso Dalla Costa, doutora em Comunicação e Educação, é professora do Departamento de Comunicação da UFPR. Este texto integra série especial de artigos sobre os 50 anos do curso de Jornalismo da UFPR.

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