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A frase "It’s the economy, stupid!" ("É a economia, estúpido!"), usada por Bill Clinton na campanha presidencial norte-americana de 1992, tentava colocar de maneira bastante direta qual era o principal assunto a ser considerado naquelas eleições. No Brasil, em 2012, é o câmbio.

O câmbio sobrevalorizado está destruindo a indústria no Brasil. A participação da indústria de transformação no PIB brasileiro caiu de 19,2% para 14,6% nos últimos oito anos. O cenário internacional sugere que a desvalorização das moedas de referência continuará e as exportações futuras do pré-sal pressionarão ainda mais a valorização do real frente a outras moedas. Os industriais que produzem no Brasil veem suas empresas perderem a competição frente aos importados; e os importadores, acompanhados dos segmentos comerciais e financeiros, ganham mercado e resultados.

As explicações para esta valorização são várias. Países com baixas taxas de juros tomam empréstimos baratos e os aplicam em países que oferecem alto retorno. Como o Brasil tem taxas elevadas, há uma enorme pressão no mercado futuro de câmbio para comprar ativos em real.

Outra resposta é a enorme demanda por commodities e o subsequente aumento de seus preços. Sendo o Brasil um exportador de commodities, a demanda causa a valorização da moeda. Aponta-se ainda a divergência entre as taxas de inflação do Brasil e de parceiros comerciais como os EUA, a União Europeia e a China. A inflação brasileira tem superado consistentemente as taxas destes parceiros, aumentando a demanda por reais.

Segundo a Fundação Getulio Vargas, desde meados de 2004 a valorização do real foi de 50,9%. Neste mesmo período, a produtividade industrial brasileira apresentou ganho na ordem de 20% a 40%. O câmbio anulou todos os ganhos no período e, ainda assim, se mantém valorizado.

O crescente influxo de importações é apontado como um dos fatores que mantiveram a taxa de inflação no Brasil sob controle. Mas, no longo prazo, em um cenário em que seremos apenas exportadores de commodities, não haverá renda ou emprego suficientes para comprar os produtos do exterior. No longo prazo, o que vai determinar a competitividade da indústria é a taxa de produtividade. Mas, com um câmbio muito valorizado, a indústria tem pouca chance de sobreviver. Não haverá "longo prazo" para a indústria.

A exorbitante carga tributária para um país em desenvolvimento, os altos juros reais, a inadequada infraestrutura, a guerra fiscal e a falta de mão de obra qualificada são importantes fatores que restringem a competitividade da indústria. Descontando-se os ganhos de produtividade desde 2004, a desvalorização necessária para neutralizar os efeitos nefastos da sobrevalorização está na ordem de 25%. Ou seja, restabelecer uma meta para o câmbio em torno dos R$ 2,20 faria uma enorme diferença para as indústrias retomarem sua competitividade.

O foco da política econômica precisa estar no câmbio em primeiro lugar, para devolver à indústria de transformação brasileira o patamar mínimo de sua sustentabilidade. Precisamos mexer no câmbio imediatamente. O governo precisa gastar menos, desvalorizar o real e abaixar os impostos. Lembre-se: é o câmbio. Em primeiro lugar!

Ingo Plöger é presidente do Conselho Empresarial da América Latina (Ceal); Carlos Waack é economista da consultoria IP Desenvolvimento Empresarial e Institucional.

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