Com o distanciamento social causado pelo novo coronavírus, um número expressivo de escolas no mundo todo teve suas atividades suspensas. Diante desse cenário, os professores – autores fundamentais no processo de aprendizagem – tiveram de se reinventar rapidamente para que o ensino não fosse prejudicado.
No início da pandemia, o trabalho foi muito solitário. O tempo era preenchido por horas em reuniões criando estratégias e buscando força para compreender o que estávamos vivendo; ao mesmo tempo, pensávamos em como oferecer para as crianças uma aprendizagem de qualidade. O desafio foi manter a escola viva para alunos e familiares e descobrir formas de usar a tecnologia de uma forma acolhedora, sem prejudicar o desenvolvimento da primeira infância. O cuidado era como manter a essência do que diz respeito a essa fase tão importante da vida sem nos vender a modelos prontos e tradicionais.
O tempo foi passando e, aos poucos, fomos encontrando algumas respostas e um tanto de certezas. Erramos e acertamos. A certeza é de que não chegaríamos aonde estamos se não fosse pela parceria das famílias, seus olhares críticos e exigentes aliados à responsabilidade, estudo e pesquisas realizadas pelos professores.
Contar com os retornos das famílias tornou viável a concretização de uma das nossas propostas pedagógicas para a educação infantil: possibilitar a aprendizagem por meio da pedagogia de projetos, uma metodologia que envolve a escuta e a participação e estimula a criatividade, a resolução de problemas e o prazer da descoberta, possibilitando vivências desafiadoras e proporcionando às crianças os primeiros passos para a construção da autonomia e do protagonismo.
Mas como tornar o trabalho dos projetos de investigação possível nesse tempo que estamos vivendo? Como escutar as crianças se não estamos convivendo em um espaço comum? Como ressignificar essa experiência tão importante para o desenvolvimento das crianças? Primeiro, foi preciso encontrar um aliado para que conseguíssemos garantir a experiência do trabalho com os projetos de investigação.
Conseguimos proporcionar essas experiências na vida das crianças graças à ajuda de mães, pais e outros familiares para oferecer aprendizagens possíveis e significativas neste tempo tão desafiador que estamos vivendo. Afinal, a escola não pode parar nem se silenciar diante da sociedade; ela precisa contribuir, compartilhar e projetar um ensino de qualidade para todos. Mesmo sem frequentar o espaço físico da escola, é preciso lembrar que este ano não foi “perdido”, mas ressignificado com aprendizagens que exploraram outros ambientes.
Nosso desejo é mostrar para todos que é possível realizar experiências positivas e significativas, de sair do lugar quando soubermos fundamentar as nossas escolhas e lutar também em tempos difíceis para mostrar o valor que tem a educação infantil na vida das crianças. Em tempos de pandemia, a escola precisa ser um espaço de construção de conhecimento, de esperança, de aprendizagens significativas, de histórias compartilhadas. A escola precisa ser um lugar de vida, não importa onde ela está.
Claudia Kochhann de Lima é coordenadora da Educação Infantil do Colégio Marista Criciúma (SC).
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