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Eduardo Bolsonaro| Foto: Reprodução Facebook

Em 1880, Joaquim Aurélio Barreto Nabuco de Araújo criava a Sociedade Brasileira Contra a Escravidão na cidade do Rio de Janeiro. Em 1897 criou, junto com Machado de Assis e outros escritores, a Academia Brasileira de Letras. Em 1907, termina seu doutoramento em Letras, pela Universidade de Yale, concomitante ao exercício da missão diplomática do Brasil nos EUA. Em um período caracterizado pela transição do regime monárquico para o regime republicano, bem como pelo necessário alinhamento pragmático com os EUA para a negociação pacífica das fronteiras ainda em litígio do território brasileiro, Nabuco mediou os interesses do Brasil no centro político do Estado norte-americano.

Jamais um cargo dessa natureza deve ser deixado à mercê de aventuras familiares

Em 1947, Osvaldo Aranha presidia a Assembleia Geral das Nações Unidas, em uma reunião que foi decisiva para a criação do Estado de Israel e, como consequência, para a definição do Brasil como Estado responsável pela abertura da Assembleia Geral (AG), que ocorre todos os anos e reúne todos os chefes de Estado dos 193 países membros do sistema ONU.

Em 1963, José Augusto de Araújo Castro abre a AG e profere um dos discursos de maior significado para a formação ideacional da diplomacia brasileira, o histórico discurso dos três Ds. Nele, Araújo Castro defende a importância de a sociedade internacional perseguir três objetivos: a descolonização, o desarmamento e o desenvolvimento. Essas três metas representavam, à época, um horizonte para os Estados membros do sistema internacional. O discurso procurava mostrar como os excessivos gastos destinados à defesa nacional dos Estados poderiam ser, parcialmente, revertidos em investimentos aos países de menor desenvolvimento relativo, bem como aos Estados recém-descolonizados. O argumento, lançado antes de existirem “metas de desenvolvimento do milênio”, representava uma estratégia prática para reverter o ciclo de guerra e pobreza, para um ciclo de segurança e desenvolvimento.

Leia também: Eduardo Bolsonaro e a embaixada nos Estados Unidos (editorial de 16 de julho de 2019)

Leia também: O G20 em meio à guerra comercial – e o Brasil entre EUA e China (artigo de João Alfredo Lopes Nyegray, publicado em 10 de julho de 2019)

Esses três brasileiros, em períodos distintos, têm uma única função em comum: o cargo de embaixador do Brasil em Washington. A natureza dessa função significa, tanto para o Estado brasileiro, quanto para o Estado norte-americano, o exercício de habilidades políticas, linguísticas, culturais e, sobretudo, éticas. O cargo não pode ser reduzido a uma indicação presidencial, que significa um braço confiável do presidente em Washington, mas sim a uma figura pública, que seja representativa do que a sociedade brasileira contempla, em sua diversidade, bem como saiba demonstrar os interesses do Estado brasileiro, de forma assertiva e diplomática. Jamais um cargo dessa natureza deve ser deixado à mercê de aventuras familiares.

André Frota é professor dos cursos de Relações Internacionais, Ciências Políticas e Geografia; e membro do Observatório de Conjuntura do Centro Universitário Internacional Uninter.  

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