Existia uma pequena história, imaginando um personagem viajando no tempo. Um grande navegador da época dos descobrimentos chega aos dias atuais, e vê maravilhado aviões, controle aéreo, GPS, satélites. Mas quando passa em uma sala com carteiras, cheia de crianças e lá na frente um homem falando para os pupilos, imediatamente este viajante do século 15 identifica o local como uma sala de aula. Ficamos séculos assim. Agora não mais.
Conseguimos dar um salto com a compreensão do que a tecnologia pode nos proporcionar. Com a inovação tecnológica, começamos a descobrir utilidades na educação da inteligência artificial, dos recursos multimídia, dos processos de avaliação de dados em alta velocidade. Foi chamada de Educação 4.0, porque estava na esteira da quarta revolução industrial, incluindo aí a revolução tecnológica, marcadamente do final do século passado, em 1990. A característica principal, a protagonista, era a tecnologia em si, pois estávamos deslumbrados com as potencialidades de difusão do conhecimento para mais alunos.
Começamos a customizar os resultados das avaliações, tornou-se possível efetivar uma lista de exercícios baseada nas falhas individuais de conhecimento. Começamos a fazer tours virtuais em castelos, museus, locais históricos de todo o planeta, passeamos inclusive pela superfície de outros planetas. Recentemente já tínhamos começado a imaginar aplicabilidades da nanotecnologia e biotecnologia para novas formas de aprendizado.
Estávamos maravilhados com a tecnologia. Mas, como o ser humano é naturalmente inquieto, começou a ter mais necessidades. Para o ser "born digital", nascido imerso nessa tecnologia toda, tudo era muito natural, mas... e o ser humano? E a dimensão filosófica, ética, relacional?
Com todo esse avanço, como o foco era na tecnologia, começamos a repetir os modelos didáticos antigos junto a novas tecnologias. O modelo ensino-aprendizado ainda seguia padrões antigos para seres que não estavam mais se encaixando neste modelo. Apenas os estávamos preparando melhor para os desafios mais velozes que a atualidade demanda. Mas ainda preparávamos melhor pessoas para se encaixarem em panoramas profissionais.
Os conhecimentos tecnológicos e digitais são importantes, mas sentiu-se a necessidade de ir além. Aí é que entra a cunhagem "Educação 5.0".
Aproveitando dessas plataformas desenvolvidas na versão 4.0, a 5.0 vai mais além. Passam a ter importância as relações emocionais com essa tecnologia. As soft skills, competências socioemocionais são vistas como importantes no desenvolvimento dos jovens. Não se pensa em ter trabalhadores que conhecem recursos tecnológicos, mas jovens protagonistas de suas vidas envolvidas num novo ambiente.
O aluno passa a ser empreendedor naturalmente, desenvolve um contexto colaborativo, e aprende antes de chegar na sala de aula (virtual ou presencial, tanto faz). Chegando lá, o professor é um facilitador para resoluções de problemas encontrados e elencados pelos alunos. O professor não ensina: ele sugere, auxilia e conduz. O conhecimento é construído pelo aluno. É colaborado pelo aluno. É incentivado por outros alunos. É reconhecido por todos.
É uma grande virada. E mergulhamos de cabeça nesse modelo agora com a atual situação pandêmica. Aulas nunca mais serão sinônimo de carteiras-professor-quadro negro. Também não serão dependentes de professores, mas de curadores de conhecimento. Títulos e diplomas terão sua utilidade revisada, tornando-se mais importante o conhecimento construído durante o percurso acadêmico. E onde isso vai dar? Esperemos para ver. O desafio está lançado.
Alexandre Frigeri, jornalista e publicitário, doutor em Semiótica e Cibercultura pela PUC-SP. Atualmente é Diretor da Faculdade Estácio Curitiba
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