Muitos pais chegam às escolas cuja proposta é bilíngue um tanto inseguros com relação ao aproveitamento de seus filhos. Isso porque uma parte deles passou pela experiência de estudar em escolas especializadas no ensino do inglês e complementaram sua educação em intercâmbios no exterior; logo, esses pais chegam a duvidar se, de fato, é possível aprender a língua inglesa ao mesmo tempo em que se o aluno se desenvolve no processo de ensino e aprendizagem.
Até que ponto meu filho vai conseguir se adaptar ao volume de informações? Isso é realmente viável? É uma dúvida muito comum sobre os ganhos que o modelo pode proporcionar em outras esferas, por exemplo, no desenvolvimento cognitivo.
Os setores da educação já compreenderam que existe uma lacuna a ser preenchida no ensino das nossas crianças.
Em primeiro lugar, é preciso compreender que a educação bilíngue é muito mais do que o ensino de outro idioma, como o modelo de ensino visto nas escolas de idiomas. Ela é uma ferramenta para o desenvolvimento das crianças nos aspectos acadêmico e social, favorece a neuroplasticidade do cérebro – capacidade de adaptabilidade do órgão –, auxilia o desenvolvimento de habilidades emocionais, cognitivas, motoras e de concentração da criança.
No caso das crianças com menos de quatro anos, as influências exteriores têm maior impacto, isso porque é nessa idade que as ligações entre os neurônios se desenvolvem e favorecem o processamento de novas palavras. Segundo cientistas, o cérebro é mais plástico nos primeiros anos de vida, o que ratifica que as influências do ambiente sobre o desenvolvimento do cérebro são mais fortes na infância.
Os setores da educação já compreenderam que existe uma lacuna a ser preenchida no ensino das nossas crianças. Dados da Associação Brasileira do Ensino Bilíngue (Abebi) apontam um aumento entre 6% e 10% no segmento de escolas bilíngues do país nos últimos cinco anos e estima-se que haja mais de 1.500 escolas com algum programa bilíngue no Brasil, atendendo mais de 300 mil alunos. Contudo, esse número representa apenas 3% das escolas privadas e está muito distante quando comparado com os nossos vizinhos Chile e Argentina, onde o número está em torno de 10%.
Outro dado interessante foi levantado pelo Escritório Regional de Língua Inglesa (RELO) da Embaixada e dos Consulados dos EUA no Brasil, juntamente com a startup ChatClass, chamado Ensino e Aprendizagem de Língua Inglesa no Brasil: Desafios e Oportunidades. Quando questionados sobre os maiores desafios para aprender, 50% dos estudantes participantes da pesquisa responderam que o maior deles era a “exposição à língua inglesa”.
Isso demonstra o quando os alunos também têm anseios em relação ao ensino do inglês, demandando ainda mais da escola. Agora, o próximo passo é prover recursos e oportunidades para o aprimoramento dos alunos.
Há alguns anos, o ensino de idiomas na educação básica era extremamente reduzido. As aulas tinham um curto tempo de duração e atendiam a grade escolar regular e, assim, as crianças tinham pouquíssimo contato com o idioma, e o aproveitamento ficava muito abaixo do esperado e do necessário para se alcançar fluência e proficiência. Perdia-se, portanto, uma oportunidade incrível de aproveitar o melhor momento da vida escolar da criança para desenvolver um conhecimento essencial para sua vida adulta.
Entretanto, essa não era a única perda. Aprender inglês desde a infância ajuda no desenvolvimento da criança de diversas maneiras, desde melhorar as funções comunicativas e cerebrais. O bilinguismo aumenta a flexibilidade do cérebro, melhora o raciocínio e desenvolve as habilidades emocionais, cognitivas, motoras e de concentração da criança. Sendo assim, podemos dizer que o ensino de um segundo idioma desde a mais tenra idade promove o desenvolvimento melhor das funções cognitivas, além de contribuir para adquirir consciência cultural, ampliar horizontes e perspectivas, além de permitir maior acesso à informação e oportunidades futuras de estudo e trabalho.
Isso não ocorre por acaso: a proposta bilíngue tem a preocupação de motivar o aluno a interagir com seus pares num contexto em que a produção oral em língua inglesa é proporcionada por ferramentas didáticas diversificadas e que garantem autonomia e metacognição. Assim, o próprio estudante percebe o que está aprendendo e os pontos em que apresenta mais dificuldade, experimentando o que é ser o protagonista de seu próprio aprendizado.
Maria Cláudia Amaro é CEO do Rhyzos Educação e do Twice.
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