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Se formos comparar a educação financeira do Brasil com o desenvolvimento de uma criança, podemos dizer que ainda estamos engatinhando nesse setor. Nós, que falamos diariamente sobre finanças e investimentos, sabemos que ainda falta muito para atingirmos um nível de discernimento satisfatório nesse campo. Na comparação com outros países podemos dizer que ainda somos financeiramente analfabetos.

Para melhorar este cenário, é certo que a educação financeira deveria começar dentro de casa, com os pais ensinando e incentivando os filhos a dar a importância adequada ao dinheiro, seja por meio do controle de uma pequena mesada ou da poupança depositada no tradicional cofrinho.

A inclusão da educação financeira como parte do currículo escolar também seria uma excelente alternativa para colocarmos a casa literalmente em ordem. Nesse sentido, algumas iniciativas importantes já podem ser observadas no país. Recentemente, alunos do ensino médio dos estados do Ceará, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Tocantins e do Distrito Federal passaram por uma experiência bastante interessante, um projeto piloto coordenado pelo Comitê Nacional de Educação Financeira (Conef). Temas relacionados ao universo das finanças pessoais foram abordados durante as aulas de Matemática, Ciências, História, Geografia e Português e começaram a fazer parte dos deveres de casa, o que levou o tema para dentro das casas. Embora seja modesta e finanças ainda não seja uma matéria oficial do currículo escolar, a ação tem um valor incomensurável para um país que nunca se preocupou em educar financeiramente a sua população.

Outro fenômeno que vem sendo observado é no ambiente corporativo. As empresas em todo o mundo têm notado que a falta de produtividade de seus funcionários muitas vezes está ligada a problemas financeiros. A PriceWaterHouseCoopers realizou em 2013 uma pesquisa nos Estados Unidos com 1.600 pessoas, que mostrou que 52% dos empregados enfrentaram ao menos uma situação financeira estressante. O estudo Financial Wellness Survey também apontou que 23% dos entrevistados pensam nos problemas financeiros durante o expediente.

No Brasil, a Fundação Getúlio Vargas (FGV-SP) fez em 2008 um levantamento com 135 funcionários da faculdade. Os resultados mostraram que 10% dos funcionários tinham altíssimo estresse financeiro e 32% foram classificados com alto estresse. Para chegar aos porcentuais, os entrevistados deram notas de 0 (baixo estresse) a 10 (altíssimo estresse).

Para tentar minimizar o impacto negativo dos problemas financeiros na rotina do trabalho, muitas companhias passaram a organizar palestras, cursos e oficinas de educação financeira para seus colaboradores e famílias. Esse movimento já é uma realidade no exterior e agora está ganhando força por aqui.

A preocupação financeira com os colaboradores é uma via de mão dupla. Para o funcionário é uma oportunidade única de ter conhecimento e organizar as suas contas. Já para a empresa, funcionários felizes e engajados são sinônimos de produtividade e competitividade. É ponto pacífico que não adianta promover o aumento da renda sem ensinar a maneira consciente de viabilizar gastos e disseminar a cultura de investimentos a longo prazo.

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