| Foto: Karolina Grabowska/Pexels
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O Brasil é um país de endividados. Segundo dados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC), em março de 2024, mais de 78% das famílias tinham dívidas a vencer. Já no levantamento do SERASA, de fevereiro de 2024, o número de inadimplentes chegou a 72 milhões de brasileiros.

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Os dados mostram que a situação do endividamento e mal uso do dinheiro é cada dia mais preocupante e desestabiliza o sistema financeiro nacional. Como também reduz o crescimento e o desenvolvimento econômico, inviabiliza a aposentadoria de qualidade, aumenta a pobreza e a violência, prejudica a saúde e diminui a arrecadação de tributos.

Como minimizar um problema que afeta a saúde financeira das famílias, empresas, municípios, países e da sociedade em geral? Por meio da educação!

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Desde 2010, foi estabelecida por decreto presidencial, a Estratégia Nacional de Educação Financeira (ENEF). Em 2020, a Lei 14.181 incluiu a Educação Financeira e Fiscal na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Mas a discussão atual é se a educação financeira deve ser matéria obrigatória ou cabe a cada escola ou instituição optar pelo ensino da disciplina.

Professores e coordenadores em escolas de todo Brasil estão cada dia mais motivados e conscientes da necessidade, e da relevância, de incluir a educação financeira no currículo escolar. Pesquisa realizada em 2022 pelo Instituto XP, em parceria com a Associação Nova Escola, mostra que 74% dos professores entrevistados defendem o debate da temática em sala de aula.

Apesar dos desafios, pois muitos não tiveram essa formação e enfrentam dificuldades com as próprias questões financeiras - além do que mudanças no currículo tiram todos da zona de conforto, mexem no planejamento, materiais e nas suas práticas pedagógicas -, os educadores já conseguem perceber os benefícios de desenvolver habilidades nesta área.

A educação financeira não trata apenas de dinheiro, mas ensina a fazer melhores escolhas

Ela pode ir muito além da matemática, dos investimentos e de guardar dinheiro para o futuro. Pois possibilita desenvolver habilidades para gerar renda com trabalho e com aplicações, poupar para o médio e longo prazo, gastar para suprir necessidades e atender aos desejos, planejar realizações, aposentadoria e fazer a gestão do fluxo financeiro ao longo da vida.

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Os indivíduos educados financeiramente ganham autonomia para enfrentar desafios e aproveitar oportunidades, independentemente da quantidade de renda. 

A escola também ganha muito com este tipo de aula na educação básica. Pois é capaz de gerar impactos positivos em diversas áreas e possibilita trabalhar temas relevantes e necessários em sala de aula. Como, por exemplo, trabalho, consumo, meio ambiente, direitos humanos, cidadania, processos de envelhecimento e qualidade de vida. Além de desenvolver habilidades de diferentes componentes curriculares como história, geografia, ciências, matemática, entre outros.

Ainda se considerarmos os problemas sociais como a corrupção, a violência, o trabalho escravo, a exploração sexual e a destruição ambiental, enxergamos facilmente questões econômicas por trás de cada um deles. 

É fundamental termos a perspectiva de que o investimento em educação financeira nas escolas permite contribuir com a erradicação da pobreza, ampliação da saúde e do bem-estar, educação de qualidade, trabalho decente e crescimento econômico, redução das desigualdades, e consumo e produção responsáveis, que são alguns dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. 

Quando temos a oportunidade de aprender essa "linguagem" do dinheiro, criamos condições de usar melhor esse recurso e tomar decisões éticas levando em consideração aspectos pessoais, familiares, sociais e ambientais. E, como são questões comportamentais, que passam por autoconhecimento, autoeficácia, disciplina e perspectiva temporal, quanto mais cedo começarmos os aprendizados, melhor. Ganham a escola, o estudante e toda a sociedade! 

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Carolina Simões Lopes Ligocki é educadora financeira, fundadora e autora da Oficina das Finanças.