Encontre matérias e conteúdos da Gazeta do Povo
Artigo

Educação: o ponto de virada para atletas de alto rendimento

(Foto: Jacek Dylag/Unsplash)

41 indignados

  • Ícone de reações Indignado
  • Ícone de reações Triste
  • Ícone de reações Feliz
  • Ícone de reações Inspirado
  • Ícone de reações Surpreso
  • Ícone de reações Preocupado

Ouça este conteúdo

A vida de um atleta de alto rendimento é cercada por desafios, dedicação e uma busca incessante por excelência. Mas é crucial reconhecer que o tempo representa um limitador inquestionável de qualquer carreira esportiva, mesmo a mais gloriosa. Lesões, o próprio envelhecimento e outras circunstâncias inesperadas podem até mesmo abreviar esse período de brilho, que já é curto por princípio.

A idade média da delegação brasileira nos Jogos Olímpicos de 2024, o ponto máximo da carreira de um atleta de alto nível, era de 27,6 anos. São poucos, inclusive, os que conseguem ir em mais de uma edição da competição; cerca de metade era estreante. Daí que muitos esportistas enfrentam uma perda de identidade e propósito, o que pode resultar em problemas emocionais e financeiros.

Atletas com formação acadêmica têm o potencial de se tornarem influentes em suas comunidades e na sociedade em geral. Estão mais preparados para participar de debates relevantes, envolver-se em políticas públicas relacionadas ao esporte e à saúde, e servir como modelos para a juventude

É nesse momento que a educação e formação acadêmica emerge como um elemento vital para garantir uma transição suave e bem-sucedida para uma nova fase da vida dos atletas. No futebol, por exemplo, são mais de 13 mil jogadores profissionais no Brasil, entre homens e mulheres, de acordo com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). São pessoas que, num período não tão distante, vão ter que buscar uma outra atividade. Mas essa passagem da carreira esportiva para uma vida fora dos ginásios, quadras ou pistas, tem desafios ainda maiores para atletas pretos e de classes sociais mais baixas, que desde cedo enfrentam barreiras como a falta de acesso a recursos educacionais e de apoio financeiro.

A educação e a formação acadêmica proporciona uma base sólida, oferecendo conhecimentos e habilidades que são essenciais em qualquer campo profissional, inclusive no caso de atletas. Se o esporte ensina valores como disciplina, trabalho em equipe, resiliência e determinação, a educação complementa essas qualidades com conhecimentos técnicos e teóricos indispensáveis no mercado de trabalho contemporâneo.

Um atleta que tem condições de investir na sua educação pode se transformar em um bom gestor esportivo, fisioterapeuta, nutricionista ou empreendedor, utilizando sua vivência esportiva como um diferencial. Muitos também conseguem desenvolver competências na área da comunicação e atuar como comentaristas ou apresentadores.

Para esportistas de classes mais baixas, essa educação pode representar uma oportunidade única de ascensão social e econômica, além de um caminho para a estabilidade financeira no longo prazo.

Embora alguns atletas consigam acumular grandes fortunas durante suas carreiras, essa não é a realidade para a maioria. Mesmo no futebol, que movimento quase R$ 9 bilhões por ano no Brasil, e cujos altos salários chamam a atenção, mais da metade dos atletas profissionais ganham em torno de um salário mínimo (levantamento CBF). Um diploma e uma qualificação profissional abrem portas para empregos bem remunerados e oportunidades que garantem uma fonte de renda estável após a aposentadoria esportiva. Para muitos, essa estabilidade pode significar uma ruptura com ciclos de pobreza e marginalização, permitindo uma vida digna e segura.

Mas a realidade no Brasil difere significativamente da de nações onde o esporte é mais desenvolvido, como nos Estados Unidos, Canadá e alguns países da Europa. Lá, os melhores atletas frequentemente recebem bolsas de estudo em universidades, o que facilita a conciliação entre esportes e educação. Essas oportunidades proporcionam acesso a um ensino de qualidade, ao mesmo tempo em que permitem que eles se desenvolvam em suas modalidades esportivas. Por aqui, essa prática ainda é pouco difundida, e muitos precisam lutar contra adversidades financeiras e falta de apoio para conseguir se formar academicamente enquanto se dedicam ao esporte.

Atletas com formação acadêmica têm o potencial de se tornarem influentes em suas comunidades e na sociedade em geral. Estão mais preparados para participar de debates relevantes, envolver-se em políticas públicas relacionadas ao esporte e à saúde, e servir como modelos para a juventude. Eles podem usar sua visibilidade para promover a importância da educação e inspirar a próxima geração a buscar um equilíbrio entre esporte e estudos.

Fernando Trevisan é diretor-geral da Trevisan Escola de Negócios e especialista em Marketing Esportivo; Mia Lopes é CEO e fundadora da Afro Esporte.

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos

Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Principais Manchetes

Receba nossas notícias NO CELULAR

WhatsappTelegram

WHATSAPP: As regras de privacidade dos grupos são definidas pelo WhatsApp. Ao entrar, seu número pode ser visto por outros integrantes do grupo.