Olavo de Carvalho em entrevista à Gazeta do Povo em 2004.| Foto: Arnaldo Alves/Arquivo/Gazeta do Povo
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Nos últimos dias, as redes sociais foram palco de debates surpreendentes, envolvendo Alexandre de Moraes, Elon Musk e o caso Twitter Files, que geraram grande repercussão no Brasil. Mas ainda mais surpreendente é ver a pluralidade de “opiniões” sobre o tema, deixando claro um diagnóstico antigo, já apresentado e documentado: a imbecilidade coletiva.

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Na obra O Imbecil Coletivo, Olavo de Carvalho apresenta as causas dos sintomas, sendo eles a falta de uma educação de qualidade, a influência da esquerda nas instituições culturais e a tendência dos intelectuais brasileiros em adotar ideias estrangeiras sem crítica ou análise — muitas vezes abaixo de suas capacidades.

Segundo Olavo, a falta de erudição na classe intelectual brasileira culmina na reverberação de más ideias.

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Olavo trouxe luz a um tema que sempre se manteve fora do debate: a hegemonia cultural da esquerda e seus reflexos em nossa sociedade. O relativismo moral, a falta de erudição entre os intelectuais brasileiros e a influência do marxismo na política e na cultura do país também são sintomas da imbecilidade coletiva, que ficou ainda mais escancarada nos últimos dias, com posicionamentos de influencers, páginas e editoriais.

Em sua obra, ele apresenta o processo, o método e os reflexos dessa hegemonia cultural da esquerda, enraizada ao ponto de poder controlar muitas instituições educacionais, a grande mídia e a produção cultural do país. Ele critica como essa hegemonia influencia a narrativa e a produção cultural, promovendo ideologias específicas e marginalizando vozes dissidentes.

Em uma estratégia de hegemonia cultural e controle total, verdades e valores são um grande perigo, por fazerem com que o indivíduo se apegue até a última instância a sua sanidade. Dessa forma, Olavo argumenta que o relativismo moral sempre se fará presente na esquerda, porque a falta de valores morais absolutos leva à decadência cultural e social, ou seja, controle absoluto.

Segundo Olavo, a falta de erudição na classe intelectual brasileira culmina na reverberação de más ideias, com argumentos ruins e sem passarem pelo crivo da conexão com a realidade. A educação clássica, o compromisso com o estudo das humanidades e a exposição à boa cultura são antídotos que podem elevar o nível do país.

O marxismo na política e na cultura, dentro da perspectiva de Olavo de Carvalho, produziu barreiras para o desenvolvimento do Brasil, mas não apenas isso, construiu muros sociais e econômicos. Tudo isso aliado a um sistema educacional deficiente, é um prato cheio para o controle de pensamento, por parte dos donos do poder. Uma educação de qualidade, cultural e intelectual, estimula o pensamento crítico e a busca pelo conhecimento e sua conexão com a realidade, tornando alguém dono de suas próprias ideias, portanto, cada vez mais livre.

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O que temos visto, agora no contexto do caso Musk, Moraes e liberdade de expressão, são reflexos de opiniões deformadas por ideologia, abraçando posições que não se encaixam na realidade. Contrariar decisões judiciais ilegais não pode ser visto como um ato inconstitucional, nem antijurídico, uma vez que a decisão inicial partiu de uma falta de legitimidade, ignorando o Tratado de Roma e a DUDH, por exemplo, como afirma T. Pavinatto em suas redes sociais.

A primeira dama do Brasil, em seu perfil no X, pontuou: “Volto a repetir que esse tipo de ação do X, além de ser uma ação coordenada contra a democracia, também é uma ação que visa lucro e o mundo civilizado não pode ficar de joelhos frente a essa articulação da extrema-direita, que tenta corroer nossa sociedade”. Um discurso desconexo, por incluir a palavra “democracia”, em um caso onde o tema principal é a falta de liberdade de expressão para os opositores do governo atual. Um mundo verdadeiramente civilizado e democrático tem espaço para opiniões, sejam elas de qualquer lado do debate.

A imbecilização coletiva, que Olavo denunciou, é o simples abraçar de opiniões e posições por mera participação social e conveniência com quem detém o poder, sem sequer fazer a conexão dos fatos com a realidade. Hoje, infelizmente, vemos apoio, inclusive da mídia, à censura e ao fim da liberdade de expressão.

Para o brasileiro que ainda busca pela verdade e que não se contenta com o que lhe é imposto, Olavo deixou um recado: “Tudo ao redor induz à loucura, ao infantilismo, à exasperação imaginativa. Contra isso, o estudo não basta. Tomem consciência da infecção moral e lutem, lutem, lutem pelo seu equilíbrio, pela sua maturidade, pela sua lucidez. Tenham a normalidade, a sanidade, a centralidade da psique como um ideal”.

Lucas Santos é cientista político e presidente NOVO Paraná.

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