O deputado federal Pedro Uczai (PT-SC) quer que o Congresso realize uma sessão solene em 29 de novembro, para comemorar o Dia Internacional de Solidariedade ao Povo Palestino. Fiquei satisfeito em saber do interesse por este assunto. Afinal, trata-se de um povo perseguido e discriminado como poucos outros.
A UNRWA, órgão das Nações Unidas, em seu último censo, realizado em 2014, aponta 452.669 palestinos no Líbano. Estão lá há 72 anos e até hoje nenhum deles recebeu direito de cidadania, não podendo votar nem ser votados. Como não têm cédula de identidade (negada pelo governo), não têm direito à propriedade e são terminantemente proibidos de exercer muitas profissões – cerca de 340 mil deles são proibidos de exercer qualquer profissão. Os deputados tão preocupados com os palestinos vão pedir explicações à embaixada do Líbano no Brasil?
Todos os palestinos de Israel têm direito à propriedade, estudo, voto, aposentadoria, trabalho, assistência social e passaporte
Na Síria havia 528.616 palestinos em 2011. Uma parte fugiu durante os anos da guerra civil, e acredita-se haver hoje cerca de 450 mil deles (não há dados oficiais). A guerra deslocou 175 mil palestinos para outras regiões na Síria, tornando-os "refugiados pela segunda vez". A ONU afirma que quase 65% deles sofrem de má nutrição e 35% das crianças não têm escola. Na Síria, ao contrário do Líbano, os palestinos podem trabalhar, ser donos de empresas, frequentar universidade. Mas só podem ter uma única propriedade e são proibidos de terem terra agrícola. Os deputados cuidarão dos interesses deles?
A questão palestina fica mais dramática na Arábia Saudita. Estima-se que 240 mil palestinos vivam lá. Eles não podem ter e nem sequer solicitar cidadania saudita, pois as instruções da Liga Árabe impedem os Estados árabes de lhes conceder cidadania. Os palestinos são o único grupo estrangeiro que não pode se beneficiar de uma lei de 2004, aprovada pelo Conselho de Ministros da Arábia Saudita, que dá direito de solicitar cidadania a expatriados de todas as nacionalidades que residam no reino por dez anos. São 72 anos no limbo!
No Iraque há 92.612 palestinos, a maioria subempregada em função da longa guerra interna. Cerca de 14 mil se refugiaram no exterior, principalmente na Austrália, Estados Unidos, Canadá, India e Islândia; cerca de 100 vieram para o Brasil. Os demais sofrem descriminação, vivendo na maioria em bairros paupérrimos ou campos de refugiados. Como a Câmara verá estes coitados?
- Jerusalém, a capital de Israel (artigo de Szyja Lorber, publicado em 16 de abril de 2019)
- A solução de Israel para a falta de água (artigo de Rodrigo Constantino, publicado em 9 de agosto de 2018)
- O Brasil contra Israel e a história na Unesco (artigo de Alexandre Nigri, publicado em 21 de outubro de 2016)
Finalmente, há cerca de 1,5 milhão de palestinos vivendo em Israel. Todos, sem exceção, gozam de cidadania plena. Eles têm quatro partidos políticos no Parlamento israelense, com 13 deputados. Outros cinco deputados palestinos também estão no Parlamento, mas como membros de partidos de maioria judaica. Todos os palestinos de Israel têm direito à propriedade, estudo, voto, aposentadoria, trabalho, assistência social e passaporte. Não existe nenhum ramo de atividade em que não estejam presentes: na construção civil, nos transportes, na saúde, no comércio, na indústria, nas cortes de Justiça, nas universidades, nos institutos de pesquisa, nas empresas de alta tecnologia, nas bibliotecas, no cinema e televisão, no exército, na polícia.
A Câmara exigirá que os países árabes outorguem aos palestinos os mesmos direitos que Israel lhes dá? Se os deputados se comprometerem a exigir o mesmo tratamento que os palestinos têm em Israel, contem comigo. Serei um grande divulgador de seu projeto.
Marcos L. Susskind é membro fundador da International Task Force on Strategic Drug Policy, membro da Drug Free America e da Red Interamericana De Prevención a las Drogas, e guia de turismo em Israel.
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