A sociedade brasileira está profundamente indignada com a falta de ética na política e com a corrupção generalizada. Aliás, a sociedade como um todo vive uma grave crise moral. Às vésperas das eleições, assistimos tiroteios para todos os lados, acusações, denúncias e os tão conhecidos acordos para as definições de candidaturas. Em meio a tantas disputas, faz-se necessário estabelecer critérios claros para orientar o discernimento dos eleitores.

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A corrupção eleitoral ainda é um problema enraizado na mentalidade do nosso povo. Os eleitores carecem de educação para a cidadania. Muitos acham normal a troca do voto por algum favor do candidato. É preciso instalar uma nova consciência política iluminada pelo lema que mobilizou os movimentos sociais nos últimos anos: "Voto não tem preço, tem conseqüências".

Tal situação não deve ser causa de desesperança. Antes de tudo, é necessário valorizar o voto que irá decidir a vida pública de nosso país e de nossos estados nos próximos anos. O voto é precioso, não se compra. Nele se manifesta a liberdade e a decisão de cada eleitor. O compromisso com a constante superação da distorção da compra de votos, começando com as nossas práticas políticas, é um bom critério para eleger candidatos que ocuparão cargos públicos.

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É fundamental o discernimento a respeito do perfil ético e das verdadeiras motivações daqueles que se apresentam como candidatos. Há algumas questões fundamentais: por que aspiram ao poder? Por que querem se manter no poder? Qual a prática do poder como serviço ao bem comum?

A CNBB, Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, elaborou algumas orientações práticas para as comunidades. Recorda a entidade que os critérios da escolha devem levar em consideração tanto a honestidade pessoal, quanto de competência administrativa, voltada aos interesses da coletividade. Os bons parlamentares e gestores públicos primam pelos compromissos honrados, sempre em estreita ligação com as necessidades reais da população. A transparência é fundamental na vida daquele que pleiteia ou exerce um cargo eletivo.

Faz-se necessário tomar cuidado com os candidatos despreparados em cujas plataforma camuflam interesses particulares ou de pequenos grupos. São os candidatos incapazes de apresentar metas claras de governo e políticas públicas consistentes. Nesse rol encontram-se os candidatos oportunistas, sem compromissos com partidos ou que utilizam as suas siglas para ganhar as eleições. Eles têm como prática a compra de votos, sem escrúpulos. Prometem favores, e por isso se transformam em líderes políticos hábeis e com longa experiência na arte de enganar os eleitores. Acostumam mal o povo, fazendo dele refém, dependente de esmolas e promessas de benefícios imediatos.

Diante desse contexto é bom desconfiar de candidatos sustentados por campanhas financeiras vultosas que facilitam a compra de votos, pois eles podem tentar recuperar, de alguma forma, utilizado o seu mandato eletivo, o investimento realizado.

Aspectos que merecem atenção especial são informações sobre o candidato: quem são eles, sua origem política, o que já realizaram em prol da população, qual é a sua história, quais são suas propostas, se estão vinculadas ao programa do partido ou se estão atreladas apenas a grupos de interesses financeiros. Sinais indicadores de verdadeiras motivações dos candidatos são a honestidade e a competência demonstradas pelos serviços prestados com transparência administrativa e financeira.

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É importante votar em candidatos que defendam a dignidade da pessoa e da vida em todas as suas manifestações, desde a sua concepção até a morte natural. Que defendam a família como primeiro lugar no qual a pessoa cresce e se realiza. Que promovam a educação como forma de inclusão social, a solidariedade para com os mais pobres, o respeito às várias instâncias da sociedade e que se comprometam com a construção de uma cultura da paz.

A próxima eleição será uma excelente oportunidade para garantirmos vida com dignidade para toda a população. O direito do voto exercido com cidadania é a força transformadora da sociedade. Até quando ficaremos reféns de grupos que dominam o poder e exercem mandatos eletivos pensando, apenas, nos interesses pessoais e corporativos? A sociedade brasileira é chamada a participar. A valorizar seu voto. A eleger pessoas que defendam os interesses da nação brasileira. Somente ampliando as formas de participação de cidadãos e cidadãs, construiremos uma nação livre, democrática e autônoma, nos níveis estaduais e nacionais.