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Empresário: valor e voz para transformar o Brasil

A atividade empresarial é reconhecida no mundo inteiro como parte essencial da vida econômica das nações. É por meio das pessoas que arriscam seu patrimônio, seu tempo e seu talento em empreendimentos produtivos que se gera e se aumenta o bem-estar de todas as outras. Não é por outra razão que a esfera empresarial é a destinatária preferencial das ações de política econômica dos governos, pois é ela que gera os empregos e a renda necessários para a sustentação política das autoridades governamentais.

O governo não gera riqueza, o governo não produz, e nem existe para tanto. Um governo democraticamente eleito tem o papel de, por mandato da sociedade, decidir qual a melhor redistribuição da renda gerada pelo setor produtivo, mas – frise-se – apenas após a sua geração. A atividade de produção, que faz nascer os empregos e a renda que dão sustento à sociedade, deve ficar a cargo de empresários que, por sua competência, possuam capacidade de oferecer os bens e serviços para consumo pelo menor preço possível, o que evita o desperdício de recursos e torna o funcionamento da economia mais eficiente, até por questão de sobrevivência.

No caso brasileiro, porém, há muito tempo temos assistido à subversão de algumas dessas verdades. O dirigismo e o paternalismo com que o Estado brasileiro, em todas as suas esferas, tem tratado a sociedade vem embotando o discernimento da classe empresarial, que acaba por não ver alternativa senão a de submissão à máquina governamental. As últimas três décadas, a contar de meados dos anos 80, assistiram à criação de amarras de toda ordem ao sistema produtivo brasileiro: o Estado perdeu sua capacidade de investimento, mas não sua capacidade de gastar, combinação que resulta em um sistema tributário cada vez mais injusto, excessivamente complexo e oneroso, que não produz como contrapartida o fornecimento de bens públicos na qualidade e quantidade adequadas.

Hoje, por força dessa realidade, o empresário brasileiro é obrigado a entregar ao Estado 2.600 horas por ano na forma de tempo despendido com o cumprimento de obrigações tributárias, mais do que qualquer país do mundo, segundo relatório do Banco Mundial. Isso ilustra como o governo no Brasil inverteu os polos de funcionamento da economia: ao invés de o Estado trabalhar para o cidadão, é o cidadão que é compelido a trabalhar para o Estado. Nesse cruel cenário, resta ao empresariado agarrar-se a promessas de desonerações e incentivos, sempre de tiro curto e desligadas de qualquer planejamento estruturante que garanta à nação, no futuro, uma economia mais eficiente e justa.

Como força motriz da dimensão econômica da sociedade brasileira, o empresariado não pode mais depender dessas eventuais concessões do governo. Como dito, o valor da classe empresarial encontra-se no fato de que ela é a principal liderança na produção de desenvolvimento econômico do país. E é o reconhecimento desse valor, em especial na esfera política, que o empresário deve buscar. Trata-se de enxergar além das políticas econômicas de curto prazo das quais o governo atualmente utiliza-se para fazer valer uma visão de futuro, de nação, em que o setor produtivo assuma, no cenário político, a mesma importância que possui na esfera econômica. A participação política mais ativa do empresariado, inclusive com a filiação a partidos que associem-se a essas ideias, torna-se assim um dos caminhos a serem percorridos.

A sociedade deve ter o empresariado como norte e inspiração, valorizando a atividade produtiva como força essencial para a mudança do Brasil.

Edson José Ramon é presidente da Associação Comercial do Paraná.

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