O Brasil ocupa a sétima posição mundial como maior consumidor de energia, de acordo com relatório do Banco Mundial. Este ranking apresenta a China na primeira posição, seguida dos Estados Unidos, Rússia, Índia, Japão e Alemanha. A posição ocupada pelo nosso país pode parecer razoável, se considerarmos que somos a sétima maior economia do mundo. Porém, se compararmos com o consumo médio de um cidadão norte-americano, nossa perspectiva de crescimento de consumo ainda é muito grande. Hoje, um cidadão americano consome, por ano, cerca de cinco vezes mais energia que um brasileiro e quatro vezes mais que um chinês. Essa análise nos permite concluir que o crescimento da demanda por energia de países como os Brics tende a aumentar consideravelmente. O mesmo relatório também nos alerta que, em pleno século 21, cerca de 1,2 bilhão de pessoas no mundo não têm acesso à eletricidade, e outros 2,8 bilhões de pessoas ainda utilizam madeira ou outros tipos de biomassa para cozinhar e aquecer suas casas.
Segundo o Balanço Energético Nacional (2013), o consumo de energia no Brasil cresceu quatro vezes mais que o PIB. Fatores como aumento da população, do número de veículos por habitante e da renda per capita estão mudando o perfil de consumo brasileiro em um ritmo que não consegue ser acompanhado pela capacidade de produção e distribuição de energia. A energia produzida pelas usinas hidrelétricas está sendo afetada pela sazonalidade e, para compensar, a utilização de usinas termelétricas tem aumentado o que impactou diretamente o custo da energia. Para atender essa urgência, o país necessita utilizar novas fontes de energia, melhorar a distribuição e racionalizar o uso. Fontes alternativas de energia, como a eólica, solar e biomassa, já estão sendo exploradas. Tanto por empresas estatais e grandes produtoras de energia, como empresas de outros setores. Indústrias automobilísticas, tradicionalmente apenas consumidores de energia, já estão instalando suas próprias usinas eólicas para garantir segurança e economia no suprimento de energia.
Esse cenário de falta de recursos e necessidade de crescimento faz com que o mercado esteja excepcionalmente aquecido, com alto volume de investimentos. O Brasil precisa de novas fontes de energia, novas usinas para produção, melhorias na estrutura de distribuição e, principalmente, de profissionais capacitados para atuar com os diversos tipos de energia. O engenheiro de energia é o profissional responsável pelo planejamento da matriz energética brasileira; por pesquisar e desenvolver novas fontes de energia, atua na otimização dos recursos energéticos, tornando-se um profissional essencial para o desenvolvimento do país. Universidades no exterior formam esse profissional de maneira consolidada há muitos anos. Já no Brasil, existem pouco mais de duas dezenas de cursos de Engenharia de Energia. No Paraná, apesar de termos uma matriz energética excelente, com inúmeras usinas e com uma oportunidade excelente para se trabalhar na complementariedade da matriz, a primeira turma de graduação na área, em Curitiba, inicia em 2015.
Um estudo divulgado recentemente pela Federação das Indústrias do Estado do Paraná, com os perfis profissionais que a indústria paranaense deve demandar até 2030, indica 19 competências identificadas por especialistas do setor de energia que poderão alavancar o desenvolvimento da área no estado. Entre os profissionais almejados para os próximos 15 anos estão pessoas capazes de trabalhar com conversão energética de biomassa, atividades dutoviárias, materiais e equipamentos para exploração do pré-sal e sistemas fotovoltaicos.
Luciano Carstens é diretor da Escola de Engenharia e coordenador do curso de Engenharia de Energia da Universidade Positivo.
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