| Foto: Antoni Shkraba/Pexels
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Depois de cada ciclo de avaliações, eu me aproximava do quadro branco na frente da sala e começava a percorrer todos aqueles cinquenta nomes em ordem crescente. Jade, Matheus, Rogério, Camila, Mariana. Se cada sala fosse como a minha e tivesse algo em torno de 30 alunos, todo o sexto ano teria cerca de uns 180 estudantes. 

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Ter o nome na lista das cinquenta melhores notas era uma alegria para mim e, sobretudo, um incentivo aos estudos. 

O primeiro colocado ficava isento da mensalidade por um mês, alguns meses ou um ano – Jade e Matheus devem lembrar melhor disso. Eu nunca estive tão perto dos dez mais bem classificados. 

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Na época, eu não sabia que embora tivesse boas notas, estudar daquela forma não era suficiente. Quando aprendi algumas técnicas de estudo, há pouco tempo, lembrei de uma amiga de infância. Em uma das tardes de sábado em que passei na casa dela, conheci o que seria o escritório ou sala de estudos, onde ela dispensava a cadeira e estudava caminhando de um lado para o outro revisando o assunto em voz alta. 

Chamem do que quiserem, estudo ativo, leitura interativa ou técnica de Feynman. Funciona. Ela tinha as melhores notas da sala e passou na avaliação de entrada do colégio da Universidade Federal do nosso estado. 

Caminhar talvez fosse uma forma de gastar a energia acumulada de uma criança agitada. 

É possível que muitas variáveis interfiram no processo de aprendizagem, ainda que sejam forjadas as mesmas condições para cada um. Contudo, ter o primeiro colocado como referência deve impulsionar, sobremaneira, o desempenho dos demais. Se consultarmos as três listas do último PISA, leitura, ciências e matemática, encontraremos o Brasil entre as últimas posições – de todos os participantes. 

A Finlândia, um dos mais bem colocados, detém o título de melhor índice de educação pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). O Brasil ocupa a 37ª posição, de 41 países, neste índice.

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Ao analisar o modelo escolar finlandês, nota-se uma semelhança à filosofia do ensino domiciliar como o foco na sedimentação do conteúdo (em vez de notas e aprovações), períodos de estudos mais curtos, trabalho em equipe e permanência maior do professor na turma (cerca de seis anos), para um acompanhamento personalizado dos alunos.

Diferentemente do que ocorre nas escolas brasileiras, em casa, as mães podem ajustar o cronograma às necessidades de cada filho, por isso, o horário de estudos pode ser alterado, reduzido ou ampliado

Assim como as crianças finlandesas, os homeschoolers aprendem a cooperar nas tarefas do lar, no auxílio aos irmãos menores, nas feiras literárias e no time de futebol.

Há anos, o Brasil ocupa os últimos lugares do PISA. Nossos estudantes passam mais tempo na escola que os alunos finlandeses e ainda possuem um desempenho abaixo da média em leitura, ciências e matemática.

Os caprichos ideológicos adotados no nosso ensino nos conduzirão ao primeiro lugar do final da lista. Negar a validade do ensino domiciliar é desprezar a filosofia escolar do país com a melhor educação do mundo.

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Isadora Palanca é escritora e autora dos livros "Regulamentações do ensino domiciliar no mundo" (Estudos Nacionais, 2022) e "Ensino domiciliar na política e no direito" (Estudos Nacionais, 2022).