Imagem ilustrativa.| Foto: Tânia Rego/Agência Brasil
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A presença dos celulares nas salas de aula da educação básica é um tema central nas discussões sobre o impacto da tecnologia no aprendizado. Como docente do ensino superior e formadora de futuros professores, observo que essa questão divide opiniões. No entanto, é crucial que façamos uma análise crítica e equilibrada sobre o assunto. É impossível ignorar que os celulares fazem parte da vida dos estudantes, mas a grande questão é: eles ajudam ou atrapalham?

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Pesquisas recentes mostram que a resposta não é simples. Um estudo da Universidade de Stanford (2021) revelou que o uso não regulamentado de celulares na educação pode reduzir em até 20% o desempenho em testes de atenção. Isso reforça a principal preocupação dos professores: a distração. No entanto, os mesmos dispositivos, quando bem integrados ao processo pedagógico, podem aumentar o engajamento dos alunos. Esse paradoxo nos leva a refletir sobre a real função dos celulares nas salas de aula.

Entre as vantagens, há argumentos robustos. O rápido acesso a informações e a possibilidade de trabalho colaborativo são exemplos de como os celulares podem ser usados como ferramentas educacionais. A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) destaca a importância da cultura digital como uma das Competências Gerais, sugerindo que preparar os alunos para o uso crítico das tecnologias faz parte da formação integral.

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Os celulares, quando controlados, podem desenvolver habilidades digitais fundamentais. Vivemos em uma era onde a fluência digital é quase uma exigência do mercado de trabalho. Ao integrar o uso pedagógico dos smartphones, ajudamos os alunos a desenvolverem competências úteis para o futuro profissional.

A discussão sobre o uso de celulares na educação básica não deve se limitar a proibir ou liberar totalmente. A chave está na regulamentação cuidadosa, aproveitando as vantagens tecnológicas sem desconsiderar os impactos negativos

Além disso, aplicativos educativos interativos podem engajar mais os estudantes. Jovens cercados de tecnologia tendem a se envolver quando as aulas são dinâmicas e usam dispositivos móveis. Aplicações como plataformas de aprendizado gamificadas e recursos interativos podem enriquecer o ensino tradicional.

Por outro lado, os riscos são claros. A distração é uma crítica frequente. Redes sociais, jogos e mensagens competem com o conteúdo pedagógico pela atenção dos alunos. Um relatório da UNESCO (2023) alertou para os danos à concentração causados pelo uso descontrolado dos celulares, recomendando até sua proibição em alguns casos. Países como França, Finlândia e Estados Unidos já adotaram políticas de restrição, e o Brasil segue na mesma direção, com um possível Projeto de Lei do MEC para proibir o uso de celulares em escolas públicas e privadas.

Outro ponto a ser considerado é o impacto na saúde mental. O uso prolongado de celulares tem sido relacionado a problemas como ansiedade e dificuldades de socialização. Psicólogos alertam que a exposição excessiva às redes sociais pode intensificar a pressão por aceitação, criando um ambiente prejudicial ao desenvolvimento dos estudantes. Por fim, há a questão da desigualdade. Nem todos os alunos têm acesso a celulares de qualidade ou à internet estável, o que pode aumentar ainda mais as disparidades educacionais em nosso país.

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A discussão sobre o uso de celulares na educação básica não deve se limitar a proibir ou liberar totalmente. A chave está na regulamentação cuidadosa, aproveitando as vantagens tecnológicas sem desconsiderar os impactos negativos. Como profissional da educação, acredito que o desafio é capacitar os professores a usar os celulares como aliados pedagógicos, mantendo o controle do ambiente de aprendizagem.

A regulamentação deve ser flexível para que cada escola possa adaptar suas políticas conforme suas necessidades. Isso inclui a capacitação dos professores e o envolvimento de pais e alunos no desenvolvimento de estratégias eficazes. Como afirma Priscila Cruz, presidente do Todos Pela Educação, "a presença constante dos celulares pode mediar negativamente as relações sociais e educacionais". No entanto, simplesmente bani-los pode não ser a melhor solução. É preciso equilibrar a promoção do uso consciente com a redução das distrações. A tecnologia está profundamente ligada ao futuro da educação, e ignorar essa realidade pode ser um erro.

Priscilla Campiolo Manesco, coordenadora de aprendizagem da Vitru Educação, pedagoga, mestre em História e especialista em Docência no Ensino Superior, é professora de graduação e pós-graduação, integrante da Comissão de Elaboração e Revisão de Itens/ENADE do Banco Nacional de Itens (BNI) e avaliadora do Sinaes (BASis).

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]