Era uma terça-feira inesperadamente fria. Naquele 6 de novembro de 1860, os americanos saíram de casa para escrever uma das páginas mais importantes da sua história. Com a eleição do republicano Abraham Lincoln, optaram pela abolição da escravidão contra os democratas do sul e um novo país surgiu das urnas. Ano que vem, outra eleição quase tão relevante quanto essa vai acontecer.

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Pelo lado governista, Hillary Clinton sofre o desgaste de uma série avassaladora de escândalos que já afasta apoiadores tradicionais. A ex-primeira-dama tem de longe a maior quantidade de esqueletos no armário de todos os postulantes à Presidência e, sem a obscena blindagem da imprensa, sua carreira política já estaria encerrada.

O ex-governador de Maryland Martin O’Malley conta com a simpatia de alguns doadores de peso, assim como a senadora Elizabeth Warren, uma Luciana Genro com anabolizantes.

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Quem corre por fora é o senador independente Bernie Sanders, o único abertamente socialista do Congresso americano. Os mais ideológicos incensam seu nome na esperança de que ele jogue Hillary ainda mais para a esquerda. A estratégia, cuja vileza lembra o seriado House of Cards, deu certo nas primárias de 2004, quando Howard Dean forçou John Kerry a romper com a Guerra do Iraque, apoiada até então pelos dois partidos, e criar uma divisão fratricida no país sobre o combate ao terror.

Nos últimos seis anos, os EUA passaram por uma verdadeira revolução energética

Pelo lado republicano, Ted Cruz tem chances remotas de conseguir a vaga. Debatedor brilhante, de formação acadêmica excepcional, Cruz paga o preço pela defesa de posições sem meios-tons. É o alvo preferencial da patrulha ideológica que rotula qualquer um fora da esquerda de “ultraconservador”, seja lá o que isso signifique. O senador Rand Paul empolga os jovens e tem futuro. A Flórida é o campo de batalha de dois nomes de peso: o ex-governador Jeb Bush, filho e irmão de ex-presidentes, e o senador Marco Rubio, outra estrela em ascensão.

O neurocirurgião Ben Carson é o candidato mais inspirador entre os conservadores. Dono de uma fascinante história pessoal que já virou até filme, sentiu o peso da inexperiência no início, mas ainda pode surpreender. A ex-CEO da HP Carly Fiorina mal anunciou sua candidatura e já começa a ser ferozmente atacada nos telejornais por ser mulher e conservadora. Não há nada mais impopular numa redação de jornal hoje do que mulheres, negros, gays ou latinos que ousem pensar fora da doxa esquerdista.

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O republicano mais “presidenciável” até o momento é Scott Walker. Ele acumula três vitórias seguidas no Wisconsin como governador e tem juventude, experiência e carisma para sonhar com a Casa Branca.

Nos últimos seis anos, os EUA passaram por uma verdadeira revolução energética. Apesar da brutal perseguição do governo federal e do terrorismo ambientalista, o setor de petróleo e gás gerou mais empregos que todos os outros somados e é responsável direto pelo crescimento econômico pós-crise. O lado “Texas” dos EUA está atualmente carregando o país nas costas.

Já o lado “Grécia”, com seus políticos oportunistas, burocratas insaciáveis, professores militantes, jornalistas engajados, herdeiros culpados e sindicatos corruptos, continua mantendo a hegemonia na indústria cultural, o que torna qualquer candidatura democrata competitiva.

Depois de 156 anos da eleição do republicano Abraham Lincoln, os EUA poderão novamente escolher entre dois projetos de nação. De um lado, o legado de liberdade, responsabilidade individual e trabalho duro, lastreados nos ideais dos pais fundadores da nação. De outro, o modelo socialista europeu de impostos sufocantes, intervencionismo econômico e balcanização populista da sociedade. Que tenham a mesma sabedoria de 1860.

Alexandre Borges é diretor do Instituto Liberal.