Por estes dias o nosso querido papa Francisco visita povos e países da América Latina. Seu olhar amável, seu estilo afetuoso, sua proximidade, até mesmo suas quebras de protocolo acenam para uma temática muito cara a ele: a de uma “Igreja em saída”, não autorreferencial, isto é, que não olha tudo a partir de si mesma e orientada a si mesma. Uma Igreja sempre em partida, sempre a caminho, sempre em missão. A meta final é maior que ela mesma.
Longe de ser uma novidade, o que Francisco faz e pede de todos nós é expressão das formas mais originárias de ser Igreja. Trata-se de algo que Jesus fizera já com os seus primeiros e mais diretos seguidores. E, certamente, será este um dos temas da sua homilia deste domingo, pois o evangelho apresentará Jesus a “chamar” os Doze e a enviá-los (Mc 6,7-13). Eis a missão. Se esta faltasse, os discípulos de ontem e de hoje estariam a negar a si mesmos. Seriam como cristãos sem energia, tépidos, esquálidos.
Não é o bom conjunto de recursos e competências o que assegura a fidelidade e o êxito missionário
Com frequência ouvimos, talvez até pronunciamos, a frase: “Esta é a minha missão” ou “é a sua missão”. Vale a pena lançar um olhar à origem da palavra. Missão vem do verbo latino mittere. Significa enviar, lançar. Isso deixa supor que há quem envia; há também o enviado; e há um destinatário. Do mensageiro, do enviado, espera-se uma relação de grande afinidade tanto com quem o envia quanto com os destinatários. Quem se reconhece com uma “missão” cultiva relações de intimidade com quem o envia e com quem se dirige. Eis aí o sentido da espiritualidade.
Pois bem, voltando ao evangelho deste domingo, Jesus começou a enviar os Doze, dois a dois. E eles, “tendo partido, pregavam que todos se arrependessem” (Mc 6,12). Mas o Senhor lhes recomendara que não levassem consigo “nem pão, nem sacola, nem dinheiro no cinto... apenas uma túnica” (Mc 6,8-9). Não se trata de descaso do evangelista com as situações humanas e materiais que se apresentariam. Ele pretende destacar que para o evangelizador não é o bom conjunto de recursos e competências o que assegura a fidelidade e o êxito missionário. A grande força do enviado é a Palavra de quem o envia. A sua parte consiste em ser transparência do Senhor que o enviou.
Outro aspecto decisivo quando se trata da missão de levar boas notícias da parte de Deus, isto é, evangelizar, é o da gratuidade. Também este é um tema grato ao papa Francisco. O termo vem da mesma raiz da palavra “graça”. Graça é algo como o encanto. É a afeição que se irradia pelo simples e nobre motivo de querer bem. A intenção não é outra senão amar. Aliás, foi esta uma das recomendações de Jesus aos seus enviados: “De graça recebestes, de graça dai”. E a experiência dos que amam a gratuidade é a de pessoas alegres.
Na Arquidiocese de Curitiba, mas também em muitas outras deste nosso Brasil, está em curso uma bela iniciativa pastoral: a de sermos uma Igreja em estado permanente de missão. São missionários leigos que vão às casas e famílias para falar de sua experiência de fé. E muitos missionários se dispuseram à formação. Ofereceram seu tempo, sua liberdade, suas disposições de ânimo. Ainda na fase de preparação muitos leigos visitaram muitos lares. Ao início, a experiência se lhes afigurava difícil; a timidez parecia freá-los. De qualquer produto poderiam falar sem intimidação. Porém, falar de Jesus Cristo apresentava-se mais exigente... Mas eles partiram.
Ao voltarem, sorriam. Falaram do acolhimento encontrado, da necessidade e sede de Deus e de paz que constataram, de quanto é urgente a missão. E voltaram repletos de alegria. Os testemunhos eram muito bonitos. A missão está apenas no seu começo.
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