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“Esqueceram de Mim” e as lembranças de uma festa cristã

(Foto: 20th Century Fox/Divulgação )

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Um dos maiores clássicos infantis de Natal no cinema conta a história do garoto esquecido em casa pela família (Kevin), quando toda a parentela sai em viagem intercontinental no período das festas de fim de ano. (Esqueceram de mim, de Chris Columbus, 1990). Mas, será que esse clássico para toda família assistir junto tem algum conteúdo sobre o verdadeiro Natal para refletir? Sim, lógico que sim.

Ainda mais se visualizarmos no enredo algumas virtudes relacionáveis ao motivo de Jesus ter nascido Filho de Deus no mundo, dentre elas, a reconciliação para os homens. O desfecho da conclusão narrativa de Esqueceram de Mim conduz o filme assim que partilhamos de um ambiente social e religioso natalino, em que crianças cantam na igreja a belíssima Somewhere in mymemory. Canção composta pelo grande maestro de trilhas de cinema, John Williams, que destaca a saudade dos familiares e amigos ao redor da mesa, com os olhares e personalidade de todos valorizados em meio ao período de Festas do Natal da humanidade.

Sim, o Natal deixou há algum tempo de ser uma comemoração familiar de encontro de parentes e até de amigos próximos

Proposições sobre o valor das festas comunitárias partilhadas, que acabam sendo valores e experiências importantes no decorrer do enredo do filme, como especialmente, na conclusão de sua história. Sendo esse o próprio conteúdo 'natalino' através do qual os autores (roteirista e diretor) anunciam a mensagem e tema moral de sua obra artística; até porque o roteirista John Hughes (grande diretor e produtor) era um homem de distinta sensibilidade acerca da beleza das relações humanas vivenciadas nas mais diferentes idades e situações.  

Entre as muitas imagens icônicas de um Natal em família, o tema da “ovelha negra” tanto da parentela como do bairro estão presentes nas figuras dos personagens rebeldes do filme; o garoto protagonista e inquieto Macaulay Culkin e o idoso ranzinza que assombra a vizinhança. Estes dois irão não somente encontrar um ao outro no final da narrativa, como a própria redenção de suas relações com familiares irá concluir toda a história. Sendo esse o desfecho natural e esperado, então, de um verdadeiro filme de natal cristão, na cultura ocidental. Afinal, mesmo essa mensagem comum e 'piegas', também se torna necessária e até inovadora hoje, quando a sociedade perde esses padrões tradicionais de convívio familiar, ao pensar que está criando progresso ou sendo realista em suas invencionices individualistas, quando na verdade, segue se desumanizando e ficando cada vez mais triste.

Sim, o Natal deixou há algum tempo de ser uma comemoração familiar de encontro de parentes e até de amigos próximos. De modo que, o garoto rebelde e o idoso rabugento são cada vez mais, pessoas que já não encontram lugar neste ambiente, o que os impede de partilhar da relação comunitária básica da sociedade; ainda que tenham sua própria culpa no cartório sobre isto.

Até porque, o próprio infante ou jovem rebeldes, e também o adulto ou idoso rabugentos de todas as famílias tem tido certa condição de fazer o que bem desejam nestas datas – inclusive, como é bastante comum, ficarem solitários. Em meio a essa realidade, a mensagem cristã acerca do valor da comunidade familiar e sobre a obra natalina de Jesus em quebrar a força essencial do pecado no coração – o egoísmo e orgulho, acaba tendo no tema eterno das festas de Natal e na experiência do garoto e idoso solitários nas festas, uma valiosa e necessária recuperação de princípios no filme Esqueceram de Mim.

Tema que torna essa vigorosa produção numa simples, mas valiosa história de natal, a qual nos oferece em suas imagens algumas centelhas bastante humanas do que certamente o Natal de Jesus Cristo sempre significou na história. Especialmente a partir do valor da redenção de vidas em busca de bem transformar as suas histórias pessoais e comunitárias, através do Amor de Deus do evangelho que reconcilia céus e terra.

Ivan Santos Ruppell Júnior é professor de ciências da religião e autor do livro “Resenhas espirituais de meditações cinematográficas”.

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