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Eu não sei o que é um Pokémon. Pra mim, Pokémon e Digimon são a mesma coisa e os únicos que eu conheço são o Pikachu, o tamagochi e a Hello Kitty. Ok, ok. Eu sei que não é tudo a mesma coisa. Que Pokemon e Digimon são tipo Star Wars e Star Trek, Beatles e Rolling Stones, Oreo e Negresco: produtos semelhantes com fãs fervorosos e rivais (com as devidas proporções, é claro). Mas na minha cabeça, Pokémon é uma coisa igual Funko. Sabe aqueles bonequinhos cabeçudos de diversos personagens? Então. É como se fosse aquilo e como se houvesse Pokémon do Pikachu, do Garfield, do Pernalonga e do Batman, por exemplo. Sei que não é assim, mas sei também que muita gente pensa como eu.

Mas por mais que não conheça, sou uma pessoa que passa praticamente 18 horas do dia online e conectado a redes sociais. Portanto sei da febre que tomou conta do mundo e finalmente chegou ao Brasil chamada Pokémon Go. Um jogo/aplicativo de celular de realidade aumentada onde pela câmera do smartphone você “vê” os tais Pokémons na rua e é capaz de capturá-los. Não, não tem Pokémon da Hello Kitty ou do Batman, já investiguei.

De qualquer forma, já vi gente reclamando que ao invés de jogar, as pessoas deveriam fazer coisas úteis. Assim como reclamam do uso de internet ou de vídeo games. Uma coisa não exclui a outra, não sejamos extremistas

Mesmo quem mais ataca a Olimpíada no Rio de Janeiro vai ter que admitir, não fosse isso, o game não chegaria tão cedo por aqui. Mas com os eventos prestes a começar e o mundo de olho na cidade maravilhosa, milhares de turistas desembarcarão no Brasil e, já viciados no jogo lá fora, não iriam gostar nada de não poder jogá-lo por aqui.

O game, que funciona de forma bem simples, pede conexão de internet móvel – coisa em que a gente sabe que não é lá muito eficiente. E tão ansiosos quanto os fãs dos personagens, estavam outros grupos brasileiros pela chegada do app: os Assaltantes Go. Sim, a poucas horas do lançamento do jogo no Brasil já houve relatos de pessoas sendo abordadas por grupos de tocaia esperando um caçador de Pokémons para lhe roupar o smartphone. (Se pelo menos tivesse um Pokémon do Batman...)

Quando os monstrinhos surgiram, em 1996, eu já era um adolescente. Fui descobrir o que era um Pokémon anos depois (acho que ainda não descobri) quando passei a ter sobrinhos ou funcionários mais novos. Entendi, mais ou menos, que se trata de um mundo próprio, com filmes, animações, jogos e, claro, brinquedos. Mas não é coisa de criança, eles insistem. Imagino que na escola tenha acontecido um furor semelhante ao dia seguinte da Páscoa, quando todos levam os brinquedos de dentro dos ovos para mostrar. Desta vez todos mostrarão os Pokémons que já capturaram. Se já era difícil manter a ordem só com Whatsapp, Facebook e Snapchat, imagino o professor agora em sala de aula lutando contra Pokémons (Pokémons lutam?).

De qualquer forma, já vi gente reclamando que ao invés de jogar, as pessoas deveriam fazer coisas úteis como Lerumlivro Go ou Lavaralouça Go. Assim como reclamam do uso de internet ou de vídeo games. Uma coisa não exclui a outra, não sejamos extremistas. Não sou contra jogos, mas ao mesmo tempo acredito que existe hora pra tudo. Hora, e não idade. Não existe idade para brincar. E quanto ao Pokémon Go? Já baixei e ainda estou tentando entender o que são os bichinhos. Uma hora consigo.

Flávio St Jayme, jornalista e empresário com formação em Pedagogia e História da Arte, é sócio-proprietário da agência Clockwork Comunicação
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