No dia 30 de junho, o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, esteve na Federação das Indústrias do Estado do Paraná (FIEP) para tratar de dois temas essenciais para o Brasil: Reforma Tributária e desenvolvimento industrial. Na oportunidade, destacou a importância da reindustrialização do país e afirmou que a questão está no foco do governo federal.
As declarações de boas intenções não vieram acompanhadas de um plano crível de implementação de uma nova política industrial. Nem se aproveitou o encontro para colher os sentimentos e percepções de uma audiência qualificada. Se o fizesse, Alckmin certamente tomaria conhecimento de uma série de inquietações e questionamentos, tais como o real propósito do governo, a crescente insegurança jurídica, a ausência de prioridades claras e a crise de legitimidade das lideranças.
Sabidamente, uma política industrial eficiente tem a ver com a competitividade no mercado internacional. No entanto, a falta de clareza da política externa compromete oportunidades de negócios.
Provavelmente, ouviria que, na visão de investidores e empresários, faltam coisas basilares ao governo da União, como previsibilidade econômica e fiscal, além de estabilidade nas normas e processos legais para que o empreendedor possa tomar decisões sólidas. Estão ausentes, ainda, os fundamentos para as críticas dirigidas ao Banco Central, que tem exercido um papel crucial na estabilidade monetária.
Alckmin saberia, objetivamente, que muitas fábricas estão ociosas no Paraná e no Brasil devido a um cenário de dúvidas. Em compensação, teria boas notícias sobre o industrial brasileiro, como: maior maturidade, resistência para enfrentar as situações de crise, amadurecimento rápido da governança corporativa, e capacidade de formular estratégias para enfrentar as adversidades do ambiente econômico e político.
As expectativas vão dando lugar a uma sensação crescente de que o Brasil está perdido, e a política industrial precisa de rumo.
Ouviria que reindustrialização é uma tarefa desafiadora que exigirá esforços conjuntos e medidas efetivas para atrair investimentos e promover o desenvolvimento industrial sustentável. Para isso, é necessário construir uma perspectiva inspiradora para os empresários, mostrando possibilidades de investimentos no Brasil e no mundo.
Sabidamente, uma política industrial eficiente tem a ver com a competitividade no mercado internacional. No entanto, a falta de clareza da política externa compromete oportunidades de negócios. Encontrar caminhos alternativos, e potencialmente lucrativos para a indústria nacional, também exige um direcionamento claro e visão estratégica consistente das agências públicas.
Entendo que a construção de novas perspectivas para a indústria inclui a estruturação de laços comerciais sólidos com a América do Sul e África, prospectando setores em crescimento e buscando diversificação de mercados. Sendo mais específico, o Brasil precisa endereçar sua atenção para a América Latina e trabalhar – sem viés ideológico – no fortalecimento do bloco econômico regional.
Evidencia-se também a necessidade de proporcionar espaço aos empresários para expressarem suas opiniões sobre os cenários político e econômico. Além disso, é preciso que sejam respondidas de forma diligente questões cruciais como a crise de identidade do governo, a insegurança jurídica, a falta de foco e a sensação de falta de liderança.
Mas é necessário agir rápido para recuperar o tempo perdido nos primeiros seis meses do novo governo, um período que trouxe mais incertezas do que esperança. As expectativas vão dando lugar a uma sensação crescente de que o Brasil está perdido, e a política industrial precisa de rumo.
Rodrigo R. Loures é fundador da Nutrimental e ex-presidente da FIEP (Federação das Indústrias do Paraná).
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