Mastro da Bandeira Nacional na Praça dos Três Poderes em Brasília.| Foto: Guilherme Britto/PR
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Independente de quem vencer a eleição para presidente, seja no primeiro ou no segundo turno, uma coisa é certa: o Brasil saiu perdendo. A afirmação não é mera retórica nem arroubo de discurso, mas uma constatação devido à falta de projetos verdadeiramente contundentes para governar o país. Sobram ideologias, faltam ideias.

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A polarização ridícula a que estamos expostos no pleito deste domingo evidencia o caráter pejorativo a que a política chegou no âmbito nacional. Os discursos de ódio de todas as partes envolvidas nos conflitos de opinião prevalecem no lugar de planos de governo que contemplem os milhares de desempregados no país, a carestia dos alimentos, o processo de desindustrialização que acomete o Brasil, além de esbarrar na fuga de capitais pelo medo do desconhecido. Vivemos tempos de incertezas e o sentimento que mais caracteriza este momento é o de impotência.

Não custa perguntar: quantos de nós já perdemos amigos, até mesmo relações familiares envolvendo discussão política? O país seguirá dividido, seja quem for que vença a eleição para presidente.

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Outro sentimento que nos falta às vésperas da eleição para presidente é o de pertença. A frágil concepção da democracia da maioria esfacela o direito das minorias ao seu lugar de fala. Os grupos não privilegiados amargam a solidão de um discurso monólogo em busca de um espaço para existir e ser representado. Nesses grupos estão os menos favorecidos por questões de ordem social, os perseguidos por sua orientação sexual, os que sofrem pelo racismo estrutural de uma sociedade hipócrita e cada vez mais vassala de um sistema sectário e desagregador.

Dar voz e vez a todos os grupos é papel fundamental de um Estado Democrático de Direito, ao menos nas democracias sérias. Muito embora incipiente, nossa democracia ainda demora a reconhecer a necessidade de se perceber as minorias e fazer valer o direito de todos, sem distinção de credo, raça, orientação sexual dentre outros.

É chegada a hora da decisão entre qual será o(a) mandatário(a) do Poder Executivo nos próximos quatro anos. Serão, ao máximo, dois dias de votação, caso ocorra segundo turno, mas as cicatrizes entre antigos amigos, familiares e nas camadas mais vulneráveis da população, permanecerão inquietas, doloridas, à espera de que um dia a democracia se volte a seu papel agregador, emancipador e cidadão a que todos aspiramos.

Edgar Talevi de Oliveira é licenciado em Letras, pós-graduado em Linguística, Neuropedagogia e Educação Especial, e bacharel e mestre em Teologia.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]
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